Tesis
Plantas medicinais da Caatinga: uso e conhecimento popular em área urbana do município de Juazeiro-BA.
Autor
MARTINS, R. da C.
Institución
Resumen
O presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de identificar e comparar o conhecimento tradicional e uso de plantas medicinais da Caatinga em áreas urbanas do município de Juazeiro e suas relações com perfil socioeconômico das comunidades. Para tal foi aplicado, no período de abril a maio de 2012, um questionário composto de 25 questões, dividido em duas partes, sendo a primeira relacionada com o perfil socioeconômico e a segunda com uso das plantas medicinais. Os bairros escolhidos para a amostragem foram o João Paulo II, situado na periferia da cidade e o Cajueiro, localizado na parte central. Em cada bairro foram entrevistadas 30 pessoas. Os resultados obtidos mostraram que a maioria dos entrevistados é do sexo feminino e, com relação à idade, observou-se que, no João Paulo II, houve maior participação de idosos, não havendo registro de entrevistados menores de 25 anos. Por outro lado, no Cajueiro registrou-se um número significativo de pessoas com idade inferior a 25 anos. Em relação ao nível de escolaridade, os moradores do Cajueiro apresentaram formação mais qualificada do que os do João Paulo II. Quanto ao uso de plantas, não houve diferença entre os dois bairros amostrados, onde 73,3% dos entrevistados informaram que não usa com frequência a fitoterapia para o tratamento das doenças, indicando que as plantas medicinais são pouco valorizadas nos dois bairros, independente das condições socioeconômicas apresentadas. No que se refere ao conhecimento, 80% e 86,7% dos entrevistados, responderam que o mesmo foi adquirido com familiares, mostrando que a tradição de uso dessas plantas vem sendo transmitida pelas gerações. Nas entrevistas foram citadas 68 e 64 plantas no bairro João Paulo II e Cajueiro, respectivamente. Porém desse total, a maioria são de plantas medicinais já consagradas como erva cidreira, capim santo, boldo, babosa, hortelã e eucalipto, indicando que as plantas nativas ainda são pouco valorizadas. Em relação ao cultivo em casa, verificou-se que, no bairro João Paulo II, 80% dos entrevistados cultiva algum tipo de planta medicinal no quintal, enquanto que no Cajueiro somente 20% faz esta prática. No que se refere ao desaparecimento de plantas que eram utilizadas como remédio verificou-se que, no bairro João Paulo II, 83,3% dos entrevistados não conhecia nenhuma planta nessa situação. Os demais citaram oito plantas, das quais 62,5% são nativas, sendo que a maioria consta na lista de plantas ameaçadas de extinção. No bairro Cajueiro, 93,3% dos entrevistados responderam que não conheciam plantas nessa situação. Os demais citaram três plantas, sendo todas espécies exóticas, indicando o desconhecimento das plantas nativas ou de ocorrência na região. Com esse estudo pode-se concluir que estudos em etnobotânica são importantes para resgatar o conhecimento popular que está desaparecendo conforme a sociedade se torna mais urbanizada. A geração mais nova demonstra certo desconhecimento das plantas nativas do bioma Caatinga ou de sua ocorrência na região, indicando que há necessidade do tema ser abordado, principalmente nas escolas, para que esse conhecimento seja amplamente divulgado e não se perca. 2012 Monografia (Especialização em Educação Contextualizada para a Convivência com o Semiárido Brasileiro) - Universidade Estadual da Bahia, Departamento de Ciências Humanas, Juazeiro, BA.