dc.description.abstract | A precipitação química de estruvita tem recebido muita atenção nos últimos anos,
diante da simplicidade, rapidez e confiabilidade na remoção de nutrientes na forma
de cristais de estruvita (MgNH4PO4.6H2O). No entanto, o desenvolvimento de
metodologias que permitam a utilização da urina na produção de fertilizantes
agrícola é muito limitada e requer cuidados especiais, haja vista que a urina, seja
humana ou animal, pode apresentar concentrações de patógenos, elementostraço, hormônios e outros fármacos ambos associados aos riscos à saúde humana
e nas contaminações ambientais. Nesse contexto, esta pesquisa visou identificar
os potenciais perigos e eventos perigosos que podem oferecer risco à saúde dos
usuários, ao longo das etapas do processo de produção da estruvita em pequena
escala, bem como, conhecer a percepção e a aceitabilidade de pequenos
agricultores acerca do uso da estruvita derivada de urina como fertilizante agrícola.
Para tal foi realizado um estudo quali-quantitativo, onde a caracterização físicoquímica e microbiológica teve o intuito de verificar o comportamento das amostras
de urina durante o processo de estocagem no período de 30 dias. Entre os
resultados obtidos, destacaram-se os valores detectáveis para E. coli e coliformes
totais na urina feminina no trigésimo dia. Assim, verificou-se ser necessário um
tempo maior de estocagem (≥ 6 meses) para garantir sua utilização de forma segura
na agricultura. No tocante à presença de disruptores endócrinos foi empregado
diferentes métodos de análise que tiveram como objetivo identificar com maior
precisão os fármacos e os elementos-traço nas diferentes urinas. Os fármacos
foram analisados por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência e os elementostraços através da Espectrometria de Massa e Plasma Indutivamente Acoplado. Os
resultados mostraram que ambos os micropoluentes foram detectados em
concentrações muito baixas (µg/mL). As metodologias adaptadas de precipitação
química se mostraram promissoras na obtenção de estruvita, sendo observada
através do Microscopia Eletrônica de Varredura e comprovada diante do grau de
pureza obtida por meio da Difração de Raios-X. Portanto, é possível afirmar que as
substâncias presentes na estruvita não se configura relevantes ao seu uso na
atividade agrícola. Partindo da metodologia de avaliação semi-quantitativa de risco
foi adaptado um método que permitiu a identificação de perigos potenciais e
eventos perigosos nas diferentes etapas de produção da estruvita e que após uma
análise de risco possa auxiliar tomadores de decisões, durante a implementação
do proceso de produção da estruvita, a tomar suas decisões baseando-se nessa
análise. Ainda, foi realizada uma coleta de dados a partir de um questionário misto
semi-estruturado aplicado aos agricultores pertencentes a diferentes modalidades
de produção agrícola do município de Domingos Martins, Espírito Santo, Brasil.
Para a análise dos dados foi utilizada a técnica de Análise de Conteúdo, que
permitiu a criação de categorias e subcategorias analíticas. Os resultados
indicaram que estes trabalhadores compreendem os perigos que os fertilizantes
representam ao meio ambiente e a saúde humana, embora muitas vezes os riscos
não sejam percebidos de imediato. A aceitação de uso agrícola da estruvita,
sobretudo derivada de urina de vaca, correspondeu a (36%) da preferência dos
agricultores entrevistados. | |