Tesis
DNA Mitocondrial Como Ferramenta na Investigação da Ancestralidade Materna e da Estrutura Populacional no Espírito Santo
Fecha
2019-02-28Registro en:
REIS, R. S., DNA Mitocondrial Como Ferramenta na Investigação da Ancestralidade Materna e da Estrutura Populacional no Espírito Santo
Autor
LOURO, I. D.
CARVALHO, E. F.
FAGUNDES, V.
GOUVEA, S. A.
PAULA, F.
GUSMAO, L.
Institución
Resumen
Além de sua valiosa utilidade na prática forense, a análise do DNA mitocondrial (mtDNA) é uma ferramenta confiável para desvendar as origens de populações miscigenadas, como as brasileiras. O Espírito Santo (ES), assim como os demais estados costeiros do país, possui uma população moldada por três principais raízes ancestrais: ameríndios, africanos e europeus. Entre estes últimos, os descendentes da antiga Pomerânia destacam-se pela preservação dos aspectos tradicionais de sua cultura, especialmente a língua pomerana. Embora a diversidade genética mitocondrial no ES tenha investigada por um estudo anterior, a base de dados disponibilizada apresenta reduzido número amostras (N=97) cuja composição étnica, origem geográfica e abrangência territorial são desconhecidas. Com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre a ancestralidade materna e investigar a estratificação genética da população, dados da região controle do mtDNA foram produzidos para população geral (N=214) e comunidades pomeranas (N=77), totalizando 291 haplótipos. A amostragem da população geral incluiu indivíduos das 4 macrorregiões do ES, a saber, Metropolitana (N=81), Sul (N=62), Central (N=54) e Norte (N=17). Em relação à população geral, os altos valores de diversidade haplotípica (H = 99,9%) e de diferenças entre pares de haplótipos (mean number of pairwise diferences - MNPD = 16,9) encontrados estão de acordo com os relatados para outras populações na região Sudeste do Brasil. Quanto à herança materna, o ES destacou-se pela predominância de haplogrupos europeus (49,1%), embora a macrorregião Norte tenha apresentado um perfil mais africano (47,1%). Embora não estatisticamente significantes, as análises de distâncias genéticas indicaram uma estratificação genética da população geral, o que comprometeria a adoção de uma base de dados única de linhagens de mtDNA com finalidade forense para todo o ES. Entre os pomeranos, o menor valor de MNPD (11,2) e o alto percentual de haplótipos compartilhados (15%) foram indicativos de eventos fundadores. A análise de FST demonstrou que os pomeranos (com 98,7% de linhagens europeias) são geneticamente isolados das outras populações do Brasil. Este estudo evidenciou que o Estado do ES apresenta singularidades em relação à diversidade intra e interpopulacional do mtDNA. Mesmo após cinco séculos de miscigenação, a população atual do Espírito Santo abriga marcas genéticas que remontam aspectos históricos de sua formação.