dc.description.abstract | Este trabalho pretende analisar a construção de uma memória positiva sobre a Ditadura Militar no Espírito Santo, por intermédio do jornal A Gazeta durante o governo do Arthur Carlos Gerhardt Santos (1971-1975). Para tal finalidade utilizar-se-á da perspectiva teórica sobre o consentimento para tentar compreender a participação da sociedade civil durante esse regime político autoritário. Por isso, é importante entender o contexto político, social e econômico do período conhecido por Milagre Econômico; especificamente, o projeto econômico de modernização conservadora do então presidente militar Emílio Gastarrazú Médici (1969-1974); e de como, em seu governo, foram utilizadas a censura e a propaganda política, as quais ditaram o tom das práticas comunicativas da Ditadura com os cidadãos. É nesse contexto político-social repressivo que se buscamos captar a presença de duas memórias em disputa: a do triunfo e a do trauma. A primeira, marcada pelo discurso do progresso e do desenvolvimento; a outra, presente em razão das prisões, torturas e da censura. Atribuirei a ambas a ideia de memória positiva e negativa, para entendermos as relações complexas entre a sociedade e a ditadura militar, tendo por instrumento de reflexão a imprensa. Para tanto, se fez necessário uma reflexão historiográfica sobre a contribuição da imprensa oficial capixaba (o jornal A Gazeta) na elaboração dessa memória positiva, via análise documental dos impressos, desta que é o objeto e fonte, simultaneamente, deste trabalho, e que estão disponíveis no Arquivo Público Estadual e demais acervos correspondentes. Portanto, ao revisitar este passado não muito distante no tempo histórico, as informações apontam para a presença de uma memória positiva em vários segmentos sociais capixabas, com a colaboração do jornal A Gazeta. Os caminhos do consenso e do consentimento trilhados pela ditadura militar (1964-1985) no Espírito Santo, cujos mecanismos estiveram ativos no passado, ecoam no tempo presente indicando os conflitos silenciosos entre as memórias, tendo em vista a relação complexa da sociedade com o regime ditatorial que precisam ser revelados. | |