| dc.description.abstract | A adolescência compreende a transição entre a infância e a vida adulta, e saber lidar com os eventos estressores que surgem é essencial para um desenvolvimento saudável. Para os adolescentes com fissura labiopalatina (FLP) podem surgir estressores específicos, como dificuldades na comunicação e deformidade facial, ocasionando maior dificuldade de ajustamento psicossocial. O objetivo deste estudo foi descrever características comportamentais (competência social e problemas emocionais/comportamentais), estressores e coping de adolescentes com fissura labiopalatina (FLP). Realizou-se um estudo descritivo-comparativo, de corte transversal, com 59 adolescentes, de ambos os sexos (52,5% do sexo masculino), com idade entre 12 e 17 anos (Média = 14,3). Destes, 15 compuseram a amostra de adolescentes com FLP e 44 participaram como controle (adolescentes sem FLP). Os pais ou responsáveis dos adolescentes com FLP participaram fornecendo informações sobre problemas comportamentais e competência social dos adolescentes por meio do Inventário de comportamentos para crianças e adolescentes entre seis e 18 anos: versão brasileira do Child Behavior Checklist (CBCL/6-18 anos). Os adolescentes responderam aos instrumentos de avaliação de problemas comportamentais (Inventário de Autoavaliação para Adolescentes de 11 a 18 anos [Youth Self-Report - YSR]), estressores (Escala de Eventos Percebidos para Adolescentes [Adolescents Perceived Events Scale - APES]), e coping (Escala de Coping). Para a caracterização da amostra, foram obtidos dados sociodemográficos e clínicos (adolescentes com FLP), a partir de um questionário especialmente elaborado. Os dados sobre competência social, problemas comportamentais, estressores e coping foram submetidos à análise estatística descritiva e inferencial. Dados sociodemográficos e clínicos (adolescentes com FLP) foram analisados por estatística descritiva. Verificou-se perfil clínico para problemas comportamentais totais e problemas de internalização (YSR), porém sem diferenças significativas entre o autorrelato do adolescente com FLP e o relato dos pais (CBCL). Foram observados estressores relacionados, principalmente, à morte de familiares e amigos, problemas e/ou preocupações relacionadas a dinheiro e uso de álcool ou drogas por membros da família ou parentes. A análise do coping relacionado à ter nascido com FLP e à traição de um amigo indicou que: adolescentes com FLP sentem-se mais desafiados e acolhidos na situação de ter nascido com fissura; e referem mais tristeza, medo e raiva, diante do estressor traição de um amigo. Em ambas as situações, as macrocategorias de coping mais referidas foram: resolução de problemas e busca de informação; sendo que diante do nascimento com FLP, referiram significativamente mais busca de suporte. Verificou-se correlação entre as reações emocionais e macrocategorias de coping (Escala de Coping) e problemas comportamentais (YSR). Análises comparativas entre as variáveis psicológicas de adolescentes com FLP e sem FLP não encontraram diferenças estatisticamente significativas. Conclui-se que adolescentes com FLP apresentam indicadores de um processo de coping adaptativo, mas ressalta-se a importância da avaliação comportamental e do coping, uma vez que problemas comportamentais se associaram a um enfrentamento mal adaptativo. O estudo contribui para a compreensão psicológica do adolescente com FLP, fortalecendo a interface entre a Psicologia e a Fonoaudiologia. | |
