dc.description.abstract | Este estudo procura problematizar a emergência, a constituição e a institucionalização do Tradutor e Intérprete de Libras e Português no imperativo da inclusão. Busca compreender como são produzidos os modos de resistências surdas a partir das práticas e experiências desse profissional e reflete sobre a inserção dele no contexto escolar inclusivo. O quadro teórico é composto por autores como Foucault (1971, 1995, 2006, 2013, 2016) quanto à concepção das relações de poder e resistência; Veiga-Neto (2011), Lopes e Fabris (2013), quanto à institucionalização dessa profissão como uma possível estratégia biopolítica no gerenciamento do risco da presença do sujeito surdo nos espaços sociais, especificamente, no ambiente escolar. A biopolítica, como modo de exercício de poder, para além do poder disciplinar, surge junto à noção de população a partir do século XVIII. E cria, pelas práticas de governamento e subjetivação, a resistência às diferentes formas de gestão das ações dos sujeitos. Foram analisadas narrativas de pessoas com experiência na área da tradução e interpretação de Libras e Português, com idades entre 29 e 55 anos, de diferentes estados da federação. Compreendemos que o Tradutor e Intérprete de Libras e Português tenha se constituído como um dispositivo de gerenciamento de risco dos sujeitos surdos no espaço escolar, na grade de inteligibilidade da inclusão, que se ocupa de administrar as condutas dos sujeitos classificados como público-alvo dessa racionalidade. Acredito que em diferentes momentos do seu percurso histórico, esses sujeitos ressoaram em suas práticas, que entendo como modos de resistência surda, formas de lutar contra as relações de poder dos controles e regulações dos corpos surdos em espaços variados. Ao analisar a institucionalização do Tradutor e Intérprete de Libras e Português na inclusão, sob a ótica foucaultiana, são consideradas múltiplas possibilidades, sem assumir antecipadamente qualquer discurso sobre esse profissional. | |