Tesis
Fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis entre adventistas do sétimo dia.
Fecha
2012-09-20Registro en:
LOPES, L. J., Fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis entre adventistas do sétimo dia.
Autor
OLIVEIRA, E. R. A.
MOLINA, M. C. B.
Institución
Resumen
O viver saudável de alguns grupos específicos tem despertado o interesse da comunidade científica, e, nesse sentido, destacam-se os Adventistas do Sétimo Dia. O estilo de vida desse grupo consiste em uma associação de hábitos benéficos, como possuir uma dieta saudável, preferencialmente vegetariana, evitar o consumo de café, chá e outras bebidas que contenham estimulantes, ter uma prática regular de atividades físicas, e abster-se de tabaco, álcool e outras drogas. Pesquisas de âmbito internacional têm demonstrado que os Adventistas do Sétimo Dia apresentam menor morbimortalidade e maior longevidade quando comparados à população geral. No Brasil, entretanto, as evidências ainda são escassas. O objetivo desta dissertação consiste em descrever o perfil de saúde dos Adventistas do Sétimo Dia e investigar a prevalência de fatores de risco e proteção para Doenças Crônicas Não Transmissíveis e fatores associados. Através de um delineamento transversal, investigou-se uma amostra probabilística (n=361) da população de Adventistas do Sétimo Dia residentes no município de Vitória/ES, com idade igual ou superior a 30 anos. Utilizou-se um procedimento de amostragem sistemático, com estratificação proporcional por faixa etária. Para a coleta de dados, realizou-se uma etapa de recrutamento por meio de contato telefônico onde foram coletadas informações sobre aspectos sociodemográficos e condições de saúde. Em um segundo momento, aplicou-se um questionário estruturado autopreenchível, sobre aspectos comportamentais, apoio social, religiosidade, além de peso e altura recordados. Os dados foram analisados no programa R e para comparação das proporções utilizou-se o teste chi-quadrado e o teste exato de Fisher. Dos 361 indivíduos entrevistados, a maioria pertence ao sexo feminino (64,0%), possui 12 ou mais anos de estudo (37,5%), declarou-se parda (50,7%) e em união estável (69,5%), não nasceu em família adventista (70,9%), frequenta a igreja semanalmente (86,8%) e dedica-se diariamente a prática de meditação em família (74,8%). A média de idade da população foi de 50,5 anos (DP=14,7) e a de renda familiar per capita de 1,8 salários mínimos (DP=1,4). Sobre o apoio social, encontrou-se um escore médio de 81,33 pontos (DP=17,98). Consumo de leite integral (62%), ingestão de carne com gordura visível (33,2%) e uso de bebida alcoólica na vida (32,6%) foram os fatores de risco mais frequentes, enquanto dentre os fatores de proteção, consumo regular de feijão (81,9%), de verduras e legumes (73,5%), e de frutas (63,1%), apresentaram as mais altas prevalências. De modo geral, comportamentos mais saudáveis foram observados no sexo feminino, e entre indivíduos de maior escolaridade e renda. Pessoas criadas como adventistas apresentaram maior consumo regular de refrigerantes, e menor frequência de consumo de álcool e tabaco na vida. A população estudada apresenta proporções expressivas de hipertensos (27,1%), diabéticos (6,6%) e de indivíduos com excesso de peso (51,8%). A frequência de hipertensão aumentou com a idade, diminuiu com a escolaridade, foi maior entre viúvos, ex-fumantes, diabéticos, pessoas fisicamente inativas e acima do peso, e menor entre consumidores de leite integral. Adventistas em idades mais avançadas, com até oito anos de estudo, viúvos, pertencentes ao primeiro tercil de renda familiar per capita, e que relataram não consumir leite com teor integral de gordura, possuíram maiores prevalências de diabetes. O excesso de peso foi positivamente associado ao hábito de consumir carne com gordura e de tomar refrigerante regularmente, e negativamente ao consumo regular de frutas e ao vegetarianismo. Os resultados apontaram uma diversidade de hábitos de vida relacionados à saúde entre os adventistas estudados, e elevadas prevalências de hipertensão arterial, diabetes e excesso de peso, bem como de determinados fatores de risco comportamentais investigados.