dc.description.abstract | Objetiva compreender o modo como foram produzidas e veiculadas as representações acerca da educação da infância escolarizada ou fora da escola, entre as décadas de 1930 e 1940, investigando como os conhecimentos eram abordados pelos diferentes grupos de intelectuais que projetavam a Educação Física nesse período. Utiliza como fontes/objetos a Revista de Educação Fósoca (d0 Exército) e a revista Educação Physica, periódicos que circularam, simultaneamente, entre os anos de 1932 e 1945, no Brasil, e constituem o corpus ducumental do estudo. O primeiro é um dispositivo estratégico dos militares da Escola de Educação Física do Exército, e o segundo, produzido como tática que representa os ideais de um grupo de professores de Educação Física vinculados à Associação Cristã de Moços. Analisa a forma como circulavam, nesse período, as prescrições produzidas pelos grupos de intelectuais que davam suporte aos periódicos, como saberes necessários à educação da infância. Possui como referencial teórico a hitória cultural e suas proposituras em relação à atenção aos objetos em sua materialidade. O estudo procura destacar os dispositivos discursivos e não discursivos que modelavam as formas de significar a Educação Física ao enfatizar a educação das crianças. Examina as lutas de representação (CHARTIER, 1988) travadas pelos atores que, na produção dos impressos, como lugares de poder (CERTEAU,2004), faziam circular saberes e davam a ler e a ver formas exemplares de projetar a Educação Física como disciplina escolar e como prática extra-escolar. As temáticas veiculadas pelas revistas permitem visualizar aproximações e distanciamentos entre elas, de modo a indicar semelhanças com relação às prescrições para a Educação Física. Quando centradas na educação infantil, os dois impressos tinham como mote uma educação dos sentidos. Também, é possível notar que os dois periódicos apresentam o jogo como o principal conteúdo prescrito para a infância. O jogo atenderia melhor às peculiaridades das crianças, ressaltando que, no âmbito escolar, essas prescrições possuíam como parâmetro o método fancês, oficializado nas escolas brasileiras. Assim, ao olhar para os homens que produziam os periódicos e os que escreviam para eles, é possível notar a existência de certa circulação desses atores pelo espaço em constituição e perceber representações compartilhadas e relações de cordialidade, compondo redes de sociabilidade (SIRINELLI,1996), ao mesmo tempo em que é possível destacar que, nesse movimento, está presente a competição pelo domínio de um lugar de fala autorizada. As prescrições veículadas nessas revistas permitem compreender que o ideal de Educação Física escolar estava marcado pelos lugares de poder de onde falavam os atores pertencentes aos diferentes grupos que compunham as revistas. Esses saberes indicam objetivos comuns que têm como foco a formação das "almas infantis" e a preparação para o futuro, projeto de educação que implicava a mudança dos comportamentos e a aquisição de hábitos saudáveis e higiênicos que pudessem refletir um ideário de homem novo e de raça regenerada, condizente com os propósitos modernizadores em evidência nas primeiras décadas do século XX no País. | |