Tesis
Biomarcadores de estresse e carcinogênese: um estudo em Chelonia mydas
Fecha
2014-02-24Registro en:
FONSECA, L. A., Biomarcadores de estresse e carcinogênese: um estudo em Chelonia mydas
Autor
FAGUNDES, V.
NETO, R. R.
PAES, P. R. O.
FALQUETO, A.
MENDES, S. L.
Institución
Resumen
O uso de biomarcadores tem sido proposto como uma ferramenta sensível para alertar sobre os efeitos biológicos devido ao estresse e poluentes químicos, tendo como principal característica, o fato de que sua avaliação e quantificação podem ser utilizadas de maneira
preditiva a mudanças futuras, podendo refletir nos altos níveis de organização biológica, isto é, população, comunidade ou ecossistema. O objetivo desse trabalho foi identificar possíveis biomarcadores relacionados ao estresse e ao desenvolvimento de fibropapilomas em
tartarugas-verdes (Chelonia mydas). Para isso, avaliamos as respostas provocadas pelo estresse nos níveis plasmáticos de glicose, lactato e cortisol, em tartarugas submetidas a dois processos distintos de captura e contenção, e também em duas condições distintas de saúde, com e sem fibropapilomatose. Ainda, testamos se defeitos cromossomiais, visualizados por meio do teste do micronúcleo em eritrócitos, tinham relação com localidades de diferentes
ações antropogênicas e em grupos de indivíduos afetados ou não pela fibropapilomatose. Por fim, testamos se a presença do Chelonid herpesvirus 5 em amostras de sangue ocorre com a mesma frequência que nos tecidos tumorais, representando assim, um biomarcador importante e menos invasivo no diagnóstico da fibropapilomatose. Nossa amostra foi composta por 5 grupos experimentais (G1, G2, G3, G4 e G5), totalizando 180 animais. O G1 foi composto de
34 animais sem qualquer sinal de fibropapiloma e capturados em uma área de conservação federal em Fernando de Noronha-PE. Os grupos G2, G3, G4 e G5 foram formados por animais capturados em um efluente de Companhia Siderúrgica em Vitória-ES, sendo que G2
foi composto por 66 animais sem sinais de fibropapilomas, G3 foi composto por 40 animais com fibropapilomas. O grupo G4 é formado por 20 animais com fibropapilomas e o grupo G5 por 20 sem fibropapilomatose, sendo que ambos os grupos foram exclusivos para as análises moleculares. Todos os animais capturados eram juvenis conforme critérios propostos por HIRTH (1997). Dos 180 exemplares da nossa amostra, somente as tartarugas do grupo G3 (n=40) e G4 (n=20) coletadas em Vitória/ES, ou seja, 33,33% da amostra total apresentaram fibropapilomas, em diferentes graus. Verificamos que os valores dos níveis plasmáticos de cortisol e do lactato apresentaram-se mais elevados no grupo G1 quando comparados com o
grupo G2. Em contrapartida, os níveis plasmáticos de glicose foram significativamente menores no grupo G1 em relação ao grupo G2. Nossos dados em C. mydas são compatíveis com a resposta induzida pelo estresse provocado pelo método de captura, estimulando a
liberação de cortisol e o consequente aumento do lactato. Ainda, quando comparadas as alterações dos níveis de cortisol e lactato, provocadas pelo estresse de captura ou pela presença de doença, as respostas foram equivalentes entre si. Nossos dados revelam ainda,
que animais portadores de fibropapilomatose apresentam maior frequência de eritrócitos micronucleados quando comparados com indivíduos saudáveis, e quando o teste de micronúcleo é utilizado para comparar ambientes de diferentes qualidades, indivíduos de
ambientes mais poluídos revelam maior ocorrência de eritrócitos micronucleados. Na PCR, 100% dos tumores e 20% das amostras de sangue dos animais do grupo G4 foram positivos para ChHV 5 e todos os animais do grupo G5 foram negativos. Dessa foram, podemos
concluir que não se pode utilizatr a PCR para ChHV 5 no sangue total como marcador tumoral e para tanto podemos sugerir que uma análise quantitativa do DNA viral no sangue circulante, via PCR em tempo real, pode ser o próximo passo para estabelecer se a viremia é
realmente constante nos animais acometidos pela fibropapilomatose.