dc.description.abstract | O mundo político contemporâneo mostrou-se simbiótico, em seus processos de gestão formativa, aos elementos sociais próprios da manifestação religiosa. Apropriou-se de uma herança matricial presente nos vínculos constitutivos do seu desenvolvimento, mas permaneceu política, enquanto tal alicerçada na tradição re-significada. Percorremos, nesta dissertação, um caminho que vislumbrou apresentar um modelo de liderança próprio da pós-modernidade, mas para tanto, manifesto também de maneira a apropriar-se dos conteúdos presentes na cultura. As religiões têm apresentado novos modelos de crença, novas posturas teológicas e eclesiais, a fim de permanecerem como, institucionalidade respaldada, geradora de sentido humano e pertença social. O modelo religioso aqui colocado fora o do pentecostalismo, em suas tipologias e hermenêuticas de mundo, seus projetos sociais e interesses políticos, suas configurações básicas e atualizadas pelo neopentecostalismo, da novidade da Prosperidade e da Teologia do Domínio, pela criação de um quadro que buscou a efetividade da efervescência da participação de seus membros no mundo, não mais espiritual somente, mas secular e rico de construções imaginárias irmanadas ao simbólico. A vitalidade da embriaguez litúrgica buscou a representação e a salvação social em uma comunidade que cresce de maneira vistosa no contexto global, brasileiro, e na periferia federativa capixaba. Suas igrejas e seus líderes, iconizados pelo grande sucesso da Universal do Reino de Deus, apresentam mais que tão somente um líder como Macedo, R. R. Soares ou Crivella, mas tantos outros que mais do que mestres da linguagem religiosa, mostraram-se mestres políticos, articuladores sociais. A maneira de apresentar-se, enquanto religião superou as expectativas sociológicas, filosóficas, teológicas e psicológicas. Uma vez que mudaram o modo de inserção de seus membros na sociedade. Os valores imateriais da realidade da crença vêm cada vez mais alicerçando as relações sociais, a ética, a estética e a relação dos grupos crentes ao mundo do poder político. Voto e consumo tornaram-se sacralizados, e a subjetividade aliou-se a formação imaginária. A busca de valores e espaços traduziu-se em desempenho econômico, político e social, na esperança em seus líderes presentes nas Bancadas Evangélicas, manifestos por pastores políticos, inventados como produto da herança religiosa, no sincretismo disfarçado de sectarismo, na demonização do outro enquanto alteridade necessária a conjugação de uma identidade própria, aliada ao divino. Inventados como herança política, nas redes clientelares e na patronagem que tanto já esteve presente na construção do imaginário político dos coronéis e agora re-significado.
Palavras-chaves: Neopentecostalismo; Coronelismo; Religião e política. | |