Tesis
Mulheres e Militância no Espírito Santo:Encontros e Confrontos Durante a Ditadura Militar
Fecha
2006-04-18Registro en:
GIANORDOLI, I. F., Mulheres e Militância no Espírito Santo:Encontros e Confrontos Durante a Ditadura Militar
Institución
Resumen
O período da ditadura militar, instaurada no País em 1964 e que perdurou até 1985, marcado por uma sucessão de mudanças políticas, econômicas e sociais, caracterizou-se também pela gradativa e intensa repressão político-social aos seus opositores. Nesse cenário, destaca-se a militância política de mulheres opositoras ao regime. Transformando o contexto social e sendo por ele transformadas, essas mulheres, então, tanto no campo da política quanto no das relações de gênero, romperam com códigos tradicionais de conduta e propuseram, em seus lugares, formas alternativas de viver a condição feminina. Buscamos nessa investigação focalizar os aspectos psicossociais, principalmente aqueles relacionados aos processos de identificação, implicados na interconexão entre relações de gênero e campo político na militância de mulheres contra a ditadura militar brasileira, entre os anos de 1964 e 1985, no Estado do Espírito Santo. Com esse objetivo, foram realizadas entrevistas individuais com 09 mulheres que participaram de organizações que possuíam uma clara posição de resistência ao regime autoritário entre os anos de 1964 e 1973. Todas as entrevistadas foram estudantes universitárias engajadas no movimento estudantil e filiadas, durante algum tempo, a partidos políticos clandestinos. Também estiveram presas por períodos que variaram entre um mês e um ano. Buscou-se investigar a trajetória de vida dessas mulheres da infância aos dias atuais. As informações foram submetidas ao método fenomenológico para investigação psicológica e reorganizadas em narrativas que procuraram a identificação das particularidades e dos pontos em comum nas experiências relatadas. A análise dos dados procurou destacar, a partir dos relatos sobre suas trajetórias, a dinâmica dos elementos em jogo na constituição da identidade dessas mulheres. Entre esses elementos, estão os projetos de individuação e de autonomia; as motivações para a militância; os conflitos entre projetos individuais e coletivos; a vivência de situações limite, como a prisão e a tortura; o casamento; a maternidade; as avaliações sobre o período e a participação política atual. Na reconstrução de suas trajetórias, as ex-militantes revelam a interação complexa entre motivações e escolhas e experiências incomuns e, por vezes duras, que delas resultaram. A complexidade dessa interação, por sua vez, contribui, e, de forma evidente, continua contribuindo, para a constituição de suas identidades.