Tesis
Comparação entre duas estratégias para reposição volêmica perioperatória em cirurgias abdominais: infusão contínua versus bolus
Fecha
2018-02-22Registro en:
000900300
33004064076P6
7493832230861671
7493832230861671
0000-0001-9596-7289
Autor
Lima, Lais Helena Navarro e [UNESP]
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Institución
Resumen
A reposição volêmica é necessária em praticamente todos os pacientes submetidos à cirurgia, porém o manejo perioperatório adequado permanece controverso, com grande variabilidade na prática clínica. O volume administrado inadequadamente aumenta as complicações pós-operatórias, assim, o desenvolvimento e a implementação de protocolos para reposição volêmica, baseado em variáveis hemodinâmicas, individualizando o tratamento, é recomendado. O objetivo do estudo foi avaliar os efeitos de duas estratégias de reposição volêmica: uma, “convencional”, baseada em infusão contínua de fluidos e outra na administração de bolus com volumes pré-determinados, guiada por parâmetros hemodinâmicos específicos (TAC), na evolução perioperatória e na incidência de complicações pós-operatórias de pacientes submetidos a cirurgias abdominais de médio e grande porte por via aberta. Foi realizado estudo clínico, randomizado, prospectivo, controlado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP entre maio de 2012 a dezembro de 2014, após aprovação do comitê de ética. Os critérios de inclusão foram pacientes classificados como ASA I, II ou III, submetidos a cirurgias abdominais de médio e grande porte por via aberta com duração mínima de 120 minutos, sob anestesia geral. Os critérios de exclusão foram IMC > 35kg/m2, gestação, doença pulmonar obstrutiva crônica ou infecção brônquica, coagulopatias, histórico de alterações da função renal pré-operatória, sepsis ou sinais de síndrome da resposta inflamatória sistêmica, sinais de insuficiência hepática, pacientes submetidos a cirurgias de urgência ou emergência e aqueles que se recusaram a participar do estudo. Foram incluídos 85 pacientes, randomizados em dois grupos (infusão contínua ou controle (C) e bolus (B)). Em ambos os grupos os alvos hemodinâmicos foram: pressão arterial média (PAM) entre 65 a 80mmHg e delta-PP ≤12%. No grupo C, o anestesiologista estava livre para administrar fluidos de acordo com seu julgamento crítico, em forma de infusão contínua de fluidos, ou seja, sem protocolo. No grupo B, a administração de fluidos foi guiada por um protocolo baseado em administração de bolus fixos. Os fluidos disponíveis em ambos os grupos foram os mesmos. O volume total e a qualidade de fluidos administrados em cada grupo foram avaliados, bem como, o tempo em que permaneceram dentro dos parâmetros pré-estabelecidos. Em seguida, os pacientes foram analisados quanto à presença de complicações pós-operatórias e ao retorno da função do trato gastrointestinal. Os grupos foram homogêneos em relação aos parâmetros antropométricos, ao sexo, à duração da cirurgia, à classificação “ASA” e às comorbidades. O grupo B recebeu uma quantidade total menor de fluidos graças à menor quantidade de cristaloides administrados. Porém, este regime mais restritivo não cursou com menor tempo de internação, em retorno mais precoce da função gastrointestinal ou na diminuição de mortalidade. No grupo B houve uma menor taxa de complicações pulmonares (2% vs 36%; p=0,001), não houve diferença quanto às demais complicações pós-operatórias. Assim, a fluidoterapia realizada pela infusão de bolus e baseada em protocolo previamente estabelecido mostrou-se tão eficiente e segura quanto a reposição volêmica usual, porém resultou em menor volume infundido e na diminuição das complicações pulmonares pós-operatórias. Volume replacement is necessary in almost all patients submitted to surgery. However, adequate preoperative procedure remains controversial, with several variants in clinical practice. Administered volume, if inadequate, can significantly increase postoperative related complications. Therefore, development and implementation of protocols for volume replacement, based on hemodynamic evaluation, individualizing treatment, is recommended. The objective of the study was to evaluate the effect of two different strategies for volume replacement: one based on continuous infusion of fluids and another based on administration of bolus with pre-determined volumes, and guided by goal-directed fluid therapy (GDFT), on perioperative evolution and on the incidence of postoperative related complication in patients submitted to medium and major open abdominal surgery. A prospective randomized controlled clinical trial was made, at the Clinic Hospital of Botucatu Medical School - UNESP, between May 2012 and December 2014, after approval from the ethics committee. Criteria for patient inclusion were classification as ASA I, II or III, submission to medium or major open abdominal surgery, with minimum duration of 120 minutes, under general anesthesia. Criteria for patient exclusion were BMI > 35kg/m2, pregnant women, chronical obstructive pulmonary disease or bronchial infection, coagulopathies, a history of pre operatory kidney function alteration, sepsis or signs of systemic inflammatory response syndrome, signs of hepatic insufficiency, submission to urgent or emergency surgeries, and those who refused to participate. 85 patients were included, and then randomized into two groups (continuous infusion (C) and bolus (B)). In both groups, hemodynamic goals were mean arterial pressure (MAP) between 65 and 80 mmHg and delta-PP ≤ 12%. On group C, the anesthesiologist was free to administer fluids continuously, according to his critical judgement, with no pre-determined protocol. On group B, fluid administration was guided by a fixed bolus administration protocol. Available fluids were the same for both groups. Total volume and quality of administered fluid on each group was assessed, as well as how long patients remained within the specified parameters. Next, patients were analyzed for the presence of post operatory complications and return of gastrointestinal tract function. Groups were homogeneous regarding anthropometric parameters, gender, surgery duration, "ASA" classification and comorbidities. B group received a smaller total fluid volume, due to a less amount of crystalloids. However, this restrictive regime did not course with a shorter hospitalization period, earlier recovery of gastrointestinal function or a decreased mortality rate. Group B showed a smaller rate of pulmonary complication (2% vs 36%; p=0.001), there was no difference for the other post operatory complications. Therefore, fluid therapy based on a previously determined fixed bolus infusion protocol showed to be as efficient and safe as usual volume replacement therapy. However, it resulted on a smaller volume of infused fluid and diminished post operatory pulmonary complications.