Análise da adesão ao tratamento e qualidade de vida de pacientes portadores do vírus HIV

Abstract

A AIDS tornou-se uma doença crônica devido ao avanço na terapêutica. Porém, a adesão a TARV é difícil devido à natureza exigente da terapia e os desafios enfrentados pelos pacientes com HIV. Ainda assim, houve um aumento na expectativa de vida, implicando na necessidade de avaliação da qualidade de vida, o que a torna um importante critério para análise da efetividade dos tratamentos. Trata-se de um estudo epidemiológico transversal quantitativo, realizado no Ambulatório do Serviço de Assistência Especializada em HIV/AIDS do Sistema Único de Saúde – SAE/SUS. Foram convidados a participar da pesquisa, todos os indivíduos atendidos neste local, no período de 8 meses. Para a coleta dos dados, utilizaram-se os instrumentos CEAT- VIH, para avaliar a adesão ao tratamento, e HAT-QoL para verificar a qualidade de vida. Para a análise estatística foram utilizados os testes t de Student, análise de variância e coeficiente de Pearson. Fizeram parte do estudo 109 indivíduos, sendo o perfil dos entrevistados composto predominantemente pelo sexo masculino (56%), cor da pele branca (59%), nível escolar primário (45%) e desempregado (56%). A adesão ao tratamento antirretroviral foi classificada como insuficiente em 80,7% dos casos e houve associação entre adesão à TARV e as variáveis: presença de sintomas e/ou infecção oportunista (p=0,008) e situação econômica (p<0,001). Na análise da qualidade de vida HAT-QoL, os domínios mais afetados foram preocupação com sigilo (M=46; DP=33), seguido de preocupação financeira (M=47; DP=37). Dentre as várias associações estatísticas significantes encontradas no estudo, verificou-se que a escolaridade (p<0,002), ocupação (p=0,008), situação financeira (p<0,001), etnia (p=0,013), e presença de sintoma e/ou infecção oportunista (p<0,001), foram as variáveis mais influentes nas dimensões do instrumento utilizado. A partir dos dados obtidos, conclui-se que a adesão à TARV dos pacientes atendidos no SAE/SUS estudado é baixa e que as condições sociodemográficas e aspectos relacionados ao HIV/AIDS que mais influenciaram a qualidade de vida dos indivíduos infectados foram escolaridade, situação financeira e presença de sintoma e/ou infecção oportunista.