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Construindo o Centro de Memória, Documentação e Hemeroteca Sindical "Florestan Fernandes" (CEMOSi)
Autor
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Institución
Resumen
O CEMOSi se destina a organizar, catalogar e disponibilizar acervo documental na área sindical e operária para os interessados da comunidade acadêmica, sindical e em geral. Desde final de 1996 o CEMOSi vem sendo implementado, sendo que, somente no ano de 1998 se conseguiu estagiário remunerado, via Pró-Reitoria de Extensão da UNESP (Bolsa de Extensão Universitária). Os avanços conseguidos até o momento, no que se refere à aquisição do acervo, deu-se exclusivamente a partir de doações, donde contamos com publicações de 18 entidades sindicais, de um total de 45 sediadas em Presidente Prudente. O cadastro das entidades a nível local, foi desenvolvido inicialmente, por bolsista de IC/PIBIC/CNPq, sob minha orientação, sendo que foi o primeiro passo rumo à aquisição de periódicos, documentos, hemeroteca e demais publicações de diversas categorias sindicais de outras localidades, centrais sindicais, federações, bem como de ONG's etc. No entanto, encontramos algumas dificuldades para manter a regularidade desejada e necessária dos periódicos, portanto, assegurar atualidade ao acervo, principalmente pela interrupção do envio dos respectivos documentos por parte das entidades do mundo sindical e operário. De todo modo, está sendo possível manter e ampliar a interlocução com um número significativo de dirigentes, militantes e filiados sindicais, bem como entidades de assessoria e demais pesquisadores na área do trabalho e dos movimentos sociais de maneira geral. Esse sucesso, ainda que parcial e limitado, está sendo fortalecido, não somente pela intenção de consolidar o acervo documental, mas sobretudo, pelas atividades que estão sendo desenvolvidas ao longo dos anos de 1997, 1998 e 1999, em especial as Exposições Temáticas e as Mesa de Debates e que estão disponibilizadas na Home-Page do CEMOSi: www.prudente.unesp.br/cemosi/index.html. Além da dimensão mais ligada às pesquisas acadêmicas e da seara sindical/operária, as atividades programadas do CEMOSi também estão conseguindo envolver a comunidade local, tais como: estudantes de 10 e 20 graus das Escolas da rede Pública que, a cada atividade se mostram mais e mais interessada e participativa. A título de exemplo, a Exposição Temática "A Fome no Nordeste Brasileiro: Territorialidade, Representações Ideológicas e Dominação de Classe", transcorrida de 21/09 a 02/10/1998 no Câmpus da FCT/UNESP, contou com a presença de aproximadamente 1000 pessoas da comunidade local, numa série diversificada de eventos (vide anexo). Nesse ano já realizamos a Exposição Temática "O Movimento Docente e as Universidades Públicas: Crise de Gestão ou Crise de Concepção?", sendo que contamos com a presença dos presidentes das Seções Sindicais, da UNESP (ADUNESP), da UNICAMP (ADUNICAMP) e do representante do sindicato dos Professores de Moçambique, professor Inocente Vasco Mucuiube. Mesmo podendo contar com o trabalho abnegado e voluntário de um conjunto de pessoas, inclusive de alguns funcionários e da própria direção da FCT, dos meus orientandos e da maioria dos convidados, que arcam com os gastos de transporte e de alimentação, em diversas situações é muito constrangedor e limitante não poder dispor de recursos para arcar com as despesas operacionais do CEMOSi, tendo em vista o público cada vez maior que vem sendo envolvido nas atividades programadas. Para finalizar, gostaria de enfatizar o fato de que o CEMOSi terá sua importância fortalecida e intensificada com o andamento das pesquisas levadas a cabo pelos meus orientandos dos cursos de Graduação e de Pós-graduação em Geografia da FCT, que compõem o Centro de Estudos de Geografia do Trabalho - CEGeT - (www.prudente.unesp.br/cemosi/index.html), também sob minha coordenação. Sem contar que a partir do mês de junho, vamos disponibilizar o acervo para consultas a todos os interessados. Por sua vez, muito nos alegra poder participar e coordenar o projeto de implantação do CEMOSi que, vem a público para somar com aqueles que lutam pela formatação de um saber competente a serviço da emancipação da sociedade do jugo capitalista e portanto, da dominação burguesa. Como já se constata amplamente na literatura, a chamada de atenção de diversos militantes sindicais e lideranças do movimento operário e também de estudiosos e especialistas do comportamento e do movimento da sociedade sob o capitalismo, faz-se necessário conhecer os passos do capital e consequentemente, do trabalho, entendendo pois, o trabalho enquanto inserção no processo produtivo, enquanto relação de trabalho e de produção e também, e de forma especial, enquanto subjetividade, na forma do universo das interpretações, da organização e das ações políticas ou das ações coletivas. Isto é, das agremiações e das corporações sindicais que se intitulam representativas desse ou daquele segmento e do movimento operário como um todo, que ao longo dos últimos 200 anos, fragmenta-se num leque significativo de matizes ideológico-políticos, mas que, ao longo dos últimos 50 anos, assentou-se sob a concepção produtivista, com base fundante no referencial social-democrata de sociedade. Um olhar crítico sobre essa processualidade, acionando preocupações para a compreensão da dinâmica territorial e sua implicações nos lugares, faz-se urgente e necessária. Nesse ínterim, os acervos documentais, cumprem papel importante pois, nos fornecem a matéria prima, capaz de permitir reflexões aprofundadas sobre as vicissitudes da processualidade social, enfim das alianças políticas, dos projetos táticos e estratégicos etc. Isso significa dizer, ser necessário compreender o processo recente de (re)ordenamento do sociedade e, principalmente, da sociedade-que-vie-do-trabalho, nas suas diferentes de manifestação, ou seja, de um lado, a super-qualificação e de outro a desqualificação crescente do trabalho, com rebatimento na sua heterogeinização e complexificação. Quer-se dizer, que, se de um lado, tem-se trabalhadores cada vez mais especialistas que manuseiam instrumentos, procedimentos e rotinas sofisticadas, reunindo-se em grupo seleto e inexpressivo numericamente, por outro, lado, encontra-se a maioria esmagadora dos trabalhadores que engordam as estatísticas do trabalho informal, precarizado, domiciliar, terceirizado, temporário etc que, além de compartilhar jornadas extensas, baixa remuneração e instabilidade constante, a qualquer momento, podem perder o posto, ou serem substituídos por novas máquinas, mas também por novos procedimentos e formas de gestão e controle do processo de trabalho. Referenciado por esses apontamentos, o CEMOSi, comparece em cena e poderá estimular estudos sobre o trabalho, como forma de contribuir para o desvendamento das contradições, das formas específicas de dominação, mas sobretudo para colocar em evidência a superação, para efetivamente rumar para a construção de mecanismos compatíveis com a ordem libertária e emancipatória do trabalho abstrato.