dc.contributorUniversidade Estadual Paulista (Unesp)
dc.date.accessioned2017-01-18T15:22:23Z
dc.date.available2017-01-18T15:22:23Z
dc.date.created2017-01-18T15:22:23Z
dc.date.issued2001
dc.identifierhttp://hdl.handle.net/11449/148114
dc.identifier7479379924732300
dc.identifier0000-0002-8960-1552
dc.description.abstractOs efeitos econômicos e sociais da reestruturação urbano-industrial sobre a localização da produção e do emprego, e da qualificação da força de trabalho, abre um leque de pesquisas muito amplo e carregado de inovações metodológicas. No que diz respeito especificamente ao presente estudo, a atenção está voltada para os efeitos da dinâmica da reestruturação produtiva do complexo automobilístico na produção dos espaços da produção e do trabalho, a partir das questões ligadas a localidade dos municípios e a localização das empresas, como resultado de ações e relações sociais na construção do espaço urbano-regional. Nesse sentido, o estudo faz-se necessário sob novas indagações teóricas além de enfoque metodológico interdisciplinar. Em primeiro lugar, os estudos de caso que se detinham na análise da concentração/desconcentração do ramo da atividade econômica como unidade de observação, devem, hoje, ceder lugar à análise territorializada de cadeias produtivas de redes de empresas e sua integração sócio-espacial. Essa metodologia se justifica porque as novas estratégias de mercado - das empresas e dos trabalhadores - têm, cada vez mais, o seu horizonte referido a redes integradas a complexos produtores. Em segundo lugar, o estudo territorializado das cadeias produtivas deve considerar a presença de espaços regionais e municipais diversos, como ambientes reconstruídos pelos efeitos das cadeias produtivas da indústria, como é o caso dos lugares que dão suporte físico e humano ao complexo automobilístico. Esta metodologia se justifica porque as estratégias de localização envolvem situações específicas de vários tipos de coordenação sócio-espacial: (i) fundada pela proximidade geográfica entre as empresas de diferentes setores e tamanhos que se especializam num segmento da cadeia produtiva, (ii) pelo tipo de relações entre capital-trabalho e formas do contrato salarial e de emprego que prevalessem sobre o território, (iii) pelo tipo de relações entre o capital industrial e o meio ambiente, (iv) e pelas políticas de desenvolvimento regional e local. Em terceiro lugar, a coordenação sócio-espacial das cadeias produtivas colocam de imediato a questão da regulação interregional: por um lado, a partir da posição e função das regiões para se inserir ou não em uma "divisão interregional do trabalho", dada pela sua dinâmica interna intra-regionai; por outro lado, a partir do processo de adesão da região ao contexto global da economia em uma "divisão internacional do trabalho", dada pela trajetória local na dinâmica externa mundial.* Estas questões chamam logo a atenção pelo fato de que assim podemos captar o significado de variáveis constitutivas sócio-espaciais básicas como: relações intersetoriais e interregionais, perfil dos mercados locais de trabalho (natureza da oferta de trabalhadores, presença e ação dos sindicatos e instituições tipo Senai), e integração na cadeia produtiva (grau de autarquização da produção local integrada em rede etc.). A qualidade da reflexão e a riqueza das interpretações neste contexto metodológico serão maiores quanto mais os resultados empíricos obtidos no estudo possam captar: a interação sócio-espacial de processos produtivos de natureza distintas, os padrões de competitividade da cadeia produtiva, as formas de intervenção estatal no setor e o perfil da força de trabalho. Da visibilidade da situação enfocada, pode-se aprofundar as formas de regulação sócio-espacial, como determinantes de entradas e saídas distintas da cadeia produtiva de setores e de grupos sociais em questão. Neste enfoque metodológico aqui proposto para a reflexão da análise sócio-espacial do complexo automotivo deve-se destacar duas variáveis-chaves. Por um lado, definir as localidades como lugares onde ocorrem o crescimento industrial e as novas mudanças da reestruturação produtiva. Nesse caso, o lugar deve ser considerado não como passivo receptor dos vetores das mudanças e transformações na estrutura econômica, mas sobretudo como espaço vivo e atuante nas decisões de estratégias governamentais, empresariais e sindicais. Nas localidades onde opera o complexo automobilístico, a história recente de cidades como São Bernardo do Campo, São José dos Campos, Taubaté, Campinas, Betim entre outras, estão ligadas às estratégias das grandes corporações transnacionais como as da Volkswagem, da Ford, da General Motors, da Mercedes Benz, da Fiat, e demais empresas da indústria de autopeças. A outra varíável-chave a considerar na pesquisa é a localização. Esta deve ser compreendida como o ato ou efeito do capital localizar-se no espaço. Cabe pensar a própria noção de localização de um modo mais amplo como espaço socialmente construído, bem diferente da ilusão objetivista das abordagens sobre decisões unilaterais das decisões locacionais das empresas, guiadas pelas assim chamadas exigências básicas das "condições gerais da produção". Por outro lado, mais que explorar o truísmo de que a reestruturação industrial altera os requesitos de localização, pretende-se investigar como, nesses contextos, os determinantes e as possibilidades da nova mobilidade espacial das empresas entre regiões tornam-se também mecanismos estratégicos de acumulação, e de poder na nova sociedade industrial que se constrói hoje no Brasil. Estas mudanças nas relações inter-setoriais que se dá alterando as relações inter-regionais, ocorrem no âmbito de uma nova divisão nacional e internacional do trabalho na indústria automobilística, e se dá alterando a vida das "cidades-industriais" e os espaços da produção. Com isto, modifica-se a concentração e a integração das operações manufatureiras nos locais de montagem final, baseadas nas inovações e eficiências obtidas por meio da aglomeração espacial, especialização flexível e logística de pronta entrega (Just in time), sincronizadas à linha de produção. Com relação ao território do complexo automobilístico, desde os anos 80, muitos municípios viram minguar os empregos industriais, enquanto explodia o desemprego e o trabalho informal nas economias locais. Para o mercado de trabalho industrial automotivo nestas cidades, estas mudanças estariam colocando novas questões, agora sob o crivo da estagnação econômica e dos efeitos da reestruturação produtiva na demanda por novas qualidades e qualifícações da força de trabalho, no contexto do novo emprego industrial emergente. Estas transformações que se dão nos mercados e processos de trabalho na indústria, e em especial na automobilística mundial, estão inseridas num processo mais global, que se articulam a um campo de forças que agem para reestruturar a organização industrial global do setor nas respectivas regiões da produção, onde incluem as inovações tecnológicas, particularmente na microeletrônica e na informática. Tudo isto vem alterando as formas de organização da produção e do trabalho, ao mesmo tempo em que intensifica a concorrência entre essas empresas. Do ponto de vista da análise sócio-econômica, a novidade no caso brasileiro é que em meio a estas mudanças ocorrem transformações dos processos produtivos que emergem sob novas formas de relações entre capital, trabalho e Estado. Do ponto de vista sócio-espacial, a concentração regional e o crescimento de empresas entrelaçadas em sistemas de produção e redes de empresas acabam colocando em evidência a questão do emprego e do desenvolvimento local e regional, e da transferência ou não para a população local dos benefícios das mudanças no processo de reestrutuação industrial, sob as possibilidades de um padrão de vida mais ou menos elevado. Do ponto de vista do desenvolvimento social, é quase certo que este padrão de vida só avança na medida em que as localidades de uma região possam maximizar sua participação no sistema produtivo, nos seus elos iniciais e avançados, na produção de bens intermediários, de serviços e componentes, e na capacitação profissional, técnica e científica da população. É nesse contexto metodológico que o projeto de pesquisa foi concebido e o presente relatório encontra-se embasado. Em conseqüência desta opção, a análise parte do grupo econômico e da nova empresa-rede multinacional, enfatizando a organização e a estratégia transnacional da produção automobilística. O capítulo 2 trata do(s) grupo(s) econômico(s) e da(s) empresa(s) rede automotiva no Brasil, enfatizando a localização do complexo industrial (montadoras e autopeças) e a rede de distribuição (comércio), através da distribuição regional das unidades produtivas e do nível do emprego. Em seguida, no capítulo 3, vamos considerar a reestruturação produtiva na globalização da economia e as novas relações entre capital-trabalho-Estado no setor automotivo no Brasil, enfatizando o acordo das montadoras como principal acontecimento político envolvendo atores sociais da moderna indústria de ponta do país. Por fim, o capítulo 4 será dedicado a identificar as principais mudanças no perfil da qualificação do novo emprego que se demanda no complexo automotivo hoje no Brasil. Em seguida serão feitas as considerações finais da pesquisa.
dc.languagepor
dc.publisherUniversidade Estadual Paulista (Unesp)
dc.relationCongresso de Extensão Universitária
dc.rightsAcesso aberto
dc.sourcePROEX
dc.titleComplexo automobilístico, integração espacial e qualificação do emprego: mercados e processos de trabalho num contexto de reestruturação urbano-industrial
dc.typeOtros


Este ítem pertenece a la siguiente institución