Formação de monitores infanto-juvenis para atuação em educação ecológica no parque natural municipal da Cachoeira da Marta, Botucatu, SP

Abstract

As complexas questões ambientais agravadas com o aumento da população mundial e uso desmedido de recursos da Natureza clamam por iniciativas globais e ações locais efetivas, visando a integridade do ambiente e, conseqüentemente, da nossa sobrevivência como espécie. No município de Botucatu, drenado pelas bacias do Rio Tietê e do Rio Pardo, é flagrante a substituição dos biomas regionais por pastagens que avançam até as margens dos mananciais. Desprotegidos e com volume de água bastante reduzido, eles perderam abundância e diversidade de espécies aquáticas. Tratando-se de uma região de afloramento do Aqüífero Guarani, composta por solos frágeis, requer investimentos em propostas para garantir a existência e qualidade dos mananciais que direta, ou indiretamente, são responsáveis pelo abastecimento da cidade de Botucatu e de cachoeiras em pontos turísticos. Visando mudanças nesse quadro, a partir de atitudes condizentes com a conservação ambiental, planejamos e desenvolvemos, com a colaboração de 6 alunos de graduação de Ciências Biológicas, 6 professores universitários e 2 do Ensino Fundamental e Médio, a preparação de 15 adolescentes do Projeto de Extensão Universitária Colorir, para atuar no Parque Natural da Cachoeira da Marta, promovendo educação ecológica dos visitantes. Conceitos e idéias de diversas áreas como ecologia, geomorfologia, zoologia e botânica foram desenvolvidos em atividades de campo e laboratório às quais incorporamos questionamentos e discussões interdisciplinares. Oficinas de pintura, artesanato, artes cênicas e elaboração de textos foram introduzidas visando à capacitação dos adolescentes para tratar com o público, idealizar materiais de divulgação e atividades significativas e prazerosas. A preparação e apresentação de seminários fizeram parte dos desafios propostos e nos permitiram avaliar o conhecimento, a desenvoltura e didática dos adolescentes, que fizeram uma avaliação final em grupo. As atividades foram gravadas em vídeo. A compreensão dos ciclos dinâmicos e complexidade, por meio de uma abordagem sistêmica e contato direto com o ambiente, levou a revisão de valores e de (pré)conceitos que são empecilhos ao desenvolvimento de consciência ecológica plena e nova visão de mundo, fundada nos princípios de cooperação e renovação próprios da Natureza. As experiências propiciaram participação colaborativa dos adolescentes nas diversas tarefas propostas, desenvolvimento de autonomia, decorrente não só do domínio do conhecimento como também da capacidade para preparar atividades, pensar e ajudar na resolução de questões, o que os capacita a desempenhar com competência o papel de monitores para alfabetização ecológica e o exercício da cidadania.