Tesis
Obesidade infantil: aspectos comportamentais, sintomas psicológicos e percepção corporal de mães e crianças
Fecha
2016-07-08Registro en:
000870243
33004064078P9
0537835246490556
5871106910374554
Autor
Ramos-Cerqueira, Ana Teresa de Abreu [UNESP]
Padovani, Flávia Helena Pereira [UNESP]
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Institución
Resumen
Introdução: A obesidade infantil teve considerável aumento em sua prevalência nos últimos anos, acarretando prejuízos físicos, emocionais e sociais, caracterizando-se como um problema de saúde pública. Seu tratamento demanda ações e cuidados em todos os níveis da atenção à saúde, porém ainda são escassos os estudos que caracterizem as variáveis sociais e psicológicas presentes em crianças com diferentes graus de obesidade, estudos estes, que possam contribuir para o desenvolvimento de intervenções voltadas para este grave problema de saúde. Objetivos: Caracterizar, em relação a parâmetros sociodemográficos, clínicos e psicológicos, uma amostra clínica de crianças obesas, classificadas como obesas e super obesas, em tratamento para obesidade em um serviço de referência, de um hospital universitário do interior do estado de São Paulo; comparar os aspectos sociodemográficos, clínicos e psicológicos em relação ao sexo da criança e à gravidade da obesidade e ainda caracterizar e comparar o estilo parental, a percepção corporal e saúde mental materna ou de outros responsáveis pela criança e estudar a associação dessas características com indicadores da gravidade da obesidade da criança. Método: Foi realizado um estudo observacional, de corte transversal, descritivo e analítico, que avaliou 77 crianças com diagnóstico de obesidade e seus responsáveis. Essas crianças foram provenientes do Ambulatório de Obesidade Infantil do HCFMB/Unesp. Foram aplicados aos responsáveis pela criança um formulário que investigou características sociodemográficas e clínicas da criança, o SDQ (Questionário de Capacidades e Dificuldades - Strengths and Difficulties Questionnaire) que visou rastrear a saúde mental da criança (características emocionais e comportamentais), o IEP (Inventário de Estilos Parentais) para avaliar práticas educativas, o IDATE (Inventário de Ansiedade Traço-Estado) e o BDI (Inventário de Depressão de Beck) que medem, respectivamente, sintomas de ansiedade e de depressão do cuidador, e a Escala de Silhuetas, para avaliar a percepção corporal, a insatisfação corporal da crianças e de seus responsáveis em relação ao corpo da criança e ainda a percepção ideal das crianças e de seus responsáveis em relação às crianças da mesma idade do sujeito. Dados clínicos foram obtidos do prontuário médico das crianças (peso, altura, IMC, percentil, escore z, comorbidades e tempo de tratamento). A análise estatística foi efetuada pelo programa STATA 12.0, tendo sido efetuadas análises descritivas, frequências absolutas e porcentagens, médias e respectivos desvios-padrão, mediana e suas faixas de variação; na análise bivariada, utilizou-se o teste de qui-quadrado para as variáveis qualitativas e os testes de Mann- Whitney e Kruskal Wallis para as variáveis quantitativas e, por fim, foi realizada análise multivariada utilizando-se a regressão múltipla. Resultados: As crianças avaliadas apresentaram idade média de 9,1 (DP±1,9) e seus cuidadores idade média de 38,1 (DP±9,6). Os responsáveis eram predominantemente do sexo feminino (96,1%) e mães (88,3%). Segundo o SDQ, 53,2% das crianças apresentaram sintomas emocionais e comportamentais. Na avaliação de estilos parentais, 35,1% apresentaram práticas educativas classificadas como regular ou de risco. Com relação à ansiedade e sintomas depressivos dos responsáveis, constatou-se que 48,1% apresentaram sintomas de ansiedade-estado, e 41,6% ansiedade–traço, 39,0% apresentaram sintomas depressivos. A Escala de Silhuetas indicou que 44,2% possuíam percepção corporal adequada, 48,0% subestimaram o tamanho corporal e 7,8% superestimaram, 94,8% desejavam diminuir o tamanho da silhueta e 51,9% não reconheceram qual seria o tamanho corporal ideal de acordo com a faixa etária. Entre os cuidadores, 53,2% reconheceram adequadamente o tamanho corporal de seus filhos, 94,8% desejavam que seus filhos diminuíssem o tamanho da silhueta e 59,7% reconheceram o tamanho corporal ideal de acordo com a idade de seu filho. Comparando-se as características das crianças em relação ao sexo, constatou-se que meninos e meninas diferiram de forma estatisticamente significativa em relação à renda per capita familiar (p=0,002), percentil do IMC (p=0,01), escore z do IMC (p=0,006), gravidade da obesidade (p=0,02) e percepção do peso ideal da criança (p=0,02). Estudando-se a associação entre o escore z e as variáveis explanatórias deste estudo, constatou-se que foram significativas as associações do escore z, apenas com a faixa etária da criança (p=0,003), situação conjugal do cuidador (p=0,04), SDQ- sintomas emocionais (p=0,02), percepção corporal da criança (p=0,03) e percepção do peso ideal da criança de acordo com a sua faixa etária (p=0,03), embora as médias e medianas do escore z tenham sido quase sistematicamente mais elevadas nas categorias que indicavam risco. O modelo final da regressão múltipla mostrou associação livre de confusão com sexo (masculino), faixa etária (crianças mais novas), ocupação dos pais (trabalha) e situação conjugal do responsável (sem companheiro). Conclusões: O presente estudo indicou que as crianças participantes apresentaram várias características que podem ser consideradas características indicativas de vulnerabilidade social e psicológica: elevadas prevalências de problemas psicológicos, alteração na imagem corporal da criança e dos responsáveis; cuidadores com altas prevalências de dificuldades emocionais e com práticas parentais regulares ou de risco, independentemente da gravidade da obesidade. Esses dados são indicativos da importância de se analisar essas características e desenvolver intervenções que abordem também os aspectos sociais e psicológicos às crianças e seus familiares, visando a integralidade do cuidado no tratamento da criança com obesidade. Introduction: Childhood obesity has considerable increase in its prevalence in recent years, leading to physical, emotional and social damage, characterized as a public health problem. Treatment demand actions and care at all levels of health care, but there are still few studies that characterize the social and psychological variables present in children with different degrees of obesity, studies these, which can contribute to the development of interventions aimed this serious health problem. Objectives: Characterize in relation to sociodemographic, clinical and psychological parameters, a clinical sample of obese children classified as obese and super obese, undergoing treatment for obesity in a reference service of a university hospital in the state of São Paulo; compare sociodemographic, clinical and psychological aspects in relation to the sex of the child and the severity of obesity and further characterize and compare the parenting style, body perception and maternal mental health or others responsible for the child and to study the association of these characteristics with indicators child obesity gravity. Method: An observational study was conducted, cross sectional, descriptive and analytical, which evaluated 77 children diagnosed with obesity and their parents. These children were from the Childhood Obesity Clinic of HCFMB/Unesp. They were applied to those responsible for child a form that investigated sociodemographic and clinical characteristics of the child, the SDQ - Strengths and Difficulties Questionnaire) which aimed to track the child's mental health (emotional and behavioral characteristics), the IEP (Inventory Parental Styles) to evaluate educational practices, the IDATE (Trait anxiety Inventory-State) and the BDI (Beck depression Inventory) that measure, respectively, anxiety symptoms and caregiver depression, and the Silhouette Scale to assess body perception, body dissatisfaction of children and their guardians regarding the child's body and also the ideal perception of children and their caregivers in relation to children of the same age of the subject. Clinical data were obtained from medical records of children (weight, height, BMI, percentile, z score, comorbidities and treatment time). Statistical analysis was performed using STATA 12.0 software, having been made descriptive analysis, absolute frequencies and percentages, averages and standard deviations, median and their variation ranges; in the bivariate analysis, we used the chi-square test for qualitative variables and the Mann-Whitney and Kruskal Wallis test for quantitative variables and, finally, multiple regression analysis was performed. Results: The evaluated children had a mean age of 9,1 (SD±1,9) and their average age caregivers of 38,1 (SD±9,6). Those responsible were predominantly female (96,1%) and mothers (88,3%). According to the SDQ, 53,2% of children had emotional and behavioral symptoms. In the evaluation of parenting styles, 35,1% were classified as regular educational practices or risk. With regard to anxiety and depressive symptoms of those responsible, it was found that 48,1% had symptoms of anxiety-state and 41,6% trait anxiety, 39,0% had depressive symptoms. The Silhouette Scale indicated that 44,2% had adequate body awareness, 48,0% underestimated their body size and 7,8% overestimated, 94,8% wanted to reduce the size of the silhouette and 51,9% did not recognize what the ideal body size according to age. Among the caregivers, 53,2% adequately recognized body size of their children, 94,8% wanted their children reduced the size of the silhouette and 59,7% recognized the ideal body size according to the age of your child. Comparing the characteristics of children about sex, it was found that boys and girls differ statistically significantly in relation to per capita family income (p = 0,002), BMI percentile (p = 0,01), z score BMI (p = 0,006), severity of obesity (p = 0,02) and perceived ideal child's weight (p = 0,02). Studying the association between the score z and the explanatory variables of this study, it was found that the associations of the z score were significant only with the age of the child (p = 0,003), marital caregiver status (p = 0,04 ) SDQ- emotional symptoms (p = 0,02), child's body perception (p = 0,03) and perception of the child's ideal weight according to your age (p = 0,03), although average and medians of the z score were almost systematically higher in categories indicating risk. The final multiple regression model showed free association of confusion with sex (male), age (younger children), parents' occupation (does work) and marital status of the head (without partner). Conclusions: The present study indicated that the participating children showed several features that can be considered indicative features of social and psychological vulnerability: high prevalence of psychological problems, changes in the child's body image and responsible; caregivers with high prevalence of emotional difficulties and with regular or risk parenting, regardless of the severity of obesity. These data are indicative of the importance of analyzing these features and develop interventions that also address the social and psychological aspects of children and their families, aiming at comprehensive care in the treatment of children with obesity.