Tesis
Ecologia evolutiva de caranguejos do gênero Uca: fatores abióticos e recursos alimentares
Autor
Costa, Tânia Marcia [UNESP]
Costa, Vladimir Eliodoro [UNESP]
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Institución
Resumen
Padrões de distribuição local de caranguejos chama-maré (gênero Uca) ainda não são bem definidos. A coexistência de espécies de subgêneros distintos nas mesmas regiões torna essa questão complexa do ponto de vista evolutivo. Nossa hipótese é que há diferença nas variações de fatores abióticos, na disponibilidade de alimento e no alimento consumido, entre espécies mais e menos derivadas, mesmo que ambas ocorram em locais próximos. Para testar essa hipótese avaliamos populações de três espécies de caranguejos chama-maré que ocorrem na costa brasileira: Uca thayeri (espécie mais derivada), Uca leptodactyla (espécie filogeneticamente intermediária), e Uca maracoani (espécie menos derivada), e comparamos os microhabitats colonizados por elas quanto a fatores abióticos (salinidade e umidade do sedimento), e itens alimentares presentes (matéria orgânica e clorofila a), e consumidos (isótopos estáveis). Alguns fatores apresentam níveis específicos para cada espécie, enquanto outros fatores diferem intraespecificamente, demonstrando que a distribuição de algumas espécies de caranguejos chama-maré pode não ser limitadas por fatores abióticos considerados determinantes na distribuição desses animais. Associação entre o nível de derivação das espécies em função da variação de um fator ambiental, só foi possível para salinidade e alimento consumido. Apenas os locais habitados pela espécie menos derivada não variou quanto a salinidade, que manteve-se alta, o que pode representar a conexão evolutiva com a saída do ambiente marinho. O alimento consumido foi diferente entre as espécies mais ou menos derivadas. As menos derivadas tem a dieta baseada em microfitobentos, enquanto a mais derivada tem a dieta baseada em fitoplâncton. A diferença no tipo de alimento pode estar associado a modificações em traços morfológicos nas espécies e, consequentemente, representar pressão seletiva dentro do gênero. Local patterns of distribution in fiddler crabs (genus Uca) are not well defined. The coexistence of species of different subgenera exposes a complex situation in the evolutive perspective. Our hypothesis is that the is differences in the variation of abiotic factors, food availability and consumed food between more and less derived species , even when they live in nearby places. In order to test our hypothesis we evaluated population of three species of Brazilian fiddler crabs: Uca thayeri (more derivated brazilian species), Uca leptodactyla (species phylogenetically intermediate), and Uca maracoani (less derivated brazilian species), and we compared their microhabitats in relation to abiotic factors (salinity and moisture of sediment), and food sources available (organic matter and chlorophyll a) and consumed (stable isotope). Some factor exhibit specific levels to each species, while other factors differed intraspecifically, demonstrating that the distribution of some fiddler crab species may not be limited by abiotic factors presently considered determinant in the distribution for all species of this genus. Association between the level of species derivation and levels of environmental factors was only noticed to salinity and consumed food. Only the places inhabited by the less derivated Uca maracoani did not varied in salinity, which kept in high levels. This situation may suggest an evolutive connection with the marine environment. The food consumed was different between species more and less derived. The less derived species Uca maracoani and Uca leptodactyla have their diet based in microphytobenthos while the more derived species Uca thayeri has its diet based in phytoplankton. The difference in the food type may be associated with modifications in morphological traits and, consequently, represents a selective pressure inside the genus.