Thesis
Vínculo longitudinal na atenção primária: avaliando os modelos assistenciais do SUS
Fecha
2009Registro en:
CUNHA, Elenice Machado da. Vínculo longitudinal na atenção primária: avaliando os modelos assistenciais do SUS. 2009. 150 f. Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2009.
Autor
Cunha, Elenice Machado da
Institución
Resumen
O vínculo longitudinal pode ser definido como ‘relação terapêutica entre paciente e profissionais da equipe de Atenção Primária em Saúde (APS) ao longo do tempo, que se traduz na utilização da unidade básica de saúde (UBS) como fonte regular de cuidado para os vários episódios de doença e cuidados preventivos. O vínculo longitudinal contribui para diagnósticos e tratamentos mais precisos, diminuição dos custos da atenção e maior satisfação do paciente. O presente estudo teve por objetivo investigar o atendimento a tal atributo na experimentação de diferentes modelos assistenciais organizativos da APS no contexto do SUS. O estudo, que está estruturado em três artigos/capítulos, teve início com a identificação do vínculo longitudinal como característica central da APS. Revisão conceitual possibilitou definir o termo, identificar três dimensões para análise do atributo (identificação da UBS como fonte regular de cuidados; relação interpessoal entre profissional e paciente; e continuidade informacional), e construir roteiro para investigar o vínculo longitudinal no âmbito da APS municipal. Revisão bibliográfica sobre os modelos assistenciais no Brasil identificou propostas atuais com experiências consolidadas de estruturação da APS. Esses municípios/modelos foram: Camaragibe – que aderiu à Estratégia Saúde da Família; e Belo Horizonte – que segue os princípios orientadores do modelo Em Defesa da
Vida/Acolhimento, embora tenha aderido à Estratégia Saúde da Família posteriormente. A
presença de elementos favorecedores do vínculo longitudinal na abordagem teórica desses
modelos foi averiguada, bem como a reprodução desses elementos nas concepções vigentes no âmbito da gestão da APS municipal. A terceira parte da tese consiste em estudos de caso, com trabalho de campo nesses dois municípios. A investigação teve por base as três dimensões identificadas para o atributo; e a atenção aos portadores de hipertensão arterial foi utilizada como condição traçadora. As fontes de dados contemplaram três âmbitos: gestão do sistema, prática profissional e ponto de vista do usuário. As estratégias de coleta de dados foram: entrevista semi-estruturada com os profissionais, revisão de amostra de prontuários e aplicação de inquérito em amostra de usuários, além de análise de documentos e de dados secundários. Os resultados apontam para a existência de fatores que ainda dificultam o atendimento do vínculo longitudinal como: busca de outras unidades de saúde para atendimento de rotina, rotatividade do profissional médico, e problemas de completude e
suficiência dos registros em saúde. Por outro lado há avanços, como: o reconhecimento da interferência de fatores socioeconômicos no processo de adoecimento dos indivíduos, e a
presença de vínculo entre usuários e profissionais da equipe de APS. Belo Horizonte
apresentou melhor desempenho na primeira e na terceira dimensão; Camaragibe, na segunda.
Aspectos relativos à estruturação da rede de serviços, valorizados pelo modelo Em Defesa da
Vida/Acolhimento, mas também proporcionados pelas condições socioeconômicas locais, favoreciam o vínculo longitudinal no que refere à identificação da UBS como fonte regular de
cuidado e à continuidade da informação para o acompanhamento do paciente em Belo Horizonte; enquanto que limitações estruturais da rede de serviços, presentes em Camaragibe, podem estar relacionadas com a busca de outras unidades de saúde em concomitância com a UBS para o tratamento de rotina. A realização do estudo aponta para a pertinência de se avaliar o vínculo longitudinal no âmbito da APS.