dc.description.abstract | O presente estudo teve como principal propósito analisar o estado nutricional de gestantes adolescentes do Município do Rio de Janeiro, identificando características maternas associadas ao desfecho obstétrico peso ao nascer e validando um método para o diagnóstico
de ganho de peso gestacional. O desenho do estudo foi descritivo do tipo transversal desenvolvido com dados primários obtidos com o “Estudo da Morbi-mortalidade e da Atenção Peri e Neonatal no MRJ, 1999-2001”. A análise estatística foi dirigida a testar a hipótese de homogeneidade de proporções mediante análises bi e multivariada, com o uso
de regressão logística multivariada e sua apresentação dividi-se em três artigos. O primeiro é uma revisão sistemática que visou a identificação de métodos de avaliação nutricional de gestantes adotados no Brasil e sua associação com desfechos obstétricos. Foram identificados 26 estudos, sendo o método proposto por Rosso (1985) o mais adotado. Os
resultados demonstram a escassez de informações, em quantidade e qualidade, que possam contribuir para avaliar a efetividade dos métodos de avaliação antropométrica para as gestantes brasileiras. O desenvolvimento de estudos com rigor metodológico neste campo é
premente, devendo contemplar as diferenças etárias e os fatores biológicos,
socioeconômicos e ambientais das gestantes. O segundo artigo buscou verificar a associação das características maternas e os resultados obstétricos com o ganho de peso gestacional entre puérperas adolescentes do município do Rio de Janeiro. Incluiu uma subamostra de 703 puérperas adolescentes com parto a termo. Os resultados mostraram
uma associação entre número de consultas pré-natais e o ganho de peso durante a gestação, ao mesmo tempo em que se verificou um aumento da proporção de sobrepeso entre as gestantes adolescentes, em particular nas mais jovens. Concluiu-se que realizar o pré-natal
melhora a quantidade de ganho de peso, mas não garante a qualidade desse ganho, com tendência para o ganho excessivo, em particular para as adolescentes mais jovens. A qualidade do ganho de peso seria possivelmente melhor se o cuidado nutricional fosse
valorizado no pré-natal e as recomendações adotadas fossem orientadas por padrões nutricionais específicos para adolescentes, desde o início da gestação. O terceiro artigo avaliou o desempenho de diferentes métodos de avaliação antropométrica de gestantes
adolescentes na predição do peso ao nascer. O estudo foi desenvolvido em uma subamostra de 826 puérperas adolescentes. A adequação do ganho de peso ao final da gestação foi avaliada segundo as propostas do Institute of Medicine (IOM, 1990;92), e adaptações do MS (2006) segundo classificação do IMC pré-gestacional para adolescentes recomendados
pela WHO (1995) e WHO (2007). O baixo peso ao nascer foi definido como “menor que 2500 gramas” (WHO, 1995) para as crianças nascidas a termo e “abaixo do percentil 10” para aquelas nascidas com menos de 37 semanas gestacionais (Willians et al.,1982) e a
macrossomia como peso igual ou maior a 4000 gramas (WHO, 1995). Para a baixa estatura materna adotou-se como ponto de corte o valor menor que o percentil 3 (WHO, 2007). Calculou-se a sensibilidade, especificidade, valor preditivos positivos e negativo e a acurácia da adequação do ganho de peso gestacional na predição do peso ao nascer. Diante da crescente epidemia da obesidade, em idade cada vez mais precoce, considera-se como
melhor opção o uso do método de avaliação nutricional antropométrico pré-gestacional proposto pela WHO (2007), específicos para adolescentes. Este garante um previsão de ganho de peso gestacional dentro das faixas recomendadas internacionalmente (IOM,1990;92) e contribui para desfechos favoráveis, melhorando as perspectivas da vida
futura para a mãe e a criança. | |