dc.description.abstract | Realizou-se uma revisão bibliográfica através de busca nas bases de dados da
SciELO e Bireme, onde foram identificados e analisados os estudos que tratavam do tema
Síndrome de burnout e docência, para o período compreendido entre os anos de 2003 e 2008.
Foram selecionados os trabalhos que se apresentavam nas línguas portuguesa,
inglesa e espanhola, e que continham em suas palavras-chave ou unitermos, os seguintes
resultados: docência, professores, docentes, estresse, educação, escola, violência, burnout,
estafa profissional, transtornos emocionais, mentais ou psicológicos/psiquiátricos,
despersonalização, trabalho docente, saúde, doença, depressão, magistério, saúde do
trabalhador, exaustão emocional, estafa profissional, sofrimento e distúrbios. A pesquisa foi
realizada de forma composta, utilizando-se do cruzamento das palavras entre si, e
selecionando-se, assim, os estudos que se apresentaram.
Para uma melhor compreensão, foram analisados também estudos que
correlacionavam está síndrome a outras profissões, sendo realizado inicialmente um breve
histórico sobre a mesma. Buscou-se apresentar como se dá a organização do trabalho docente e
a relação existente entre a docência e o desenvolvimento da Síndrome de burnout.
Os fatores relacionados ao surgimento da síndrome foram apresentados, assim como
o que existe de produção científica versando sobre a violência como um possível fator
determinante para o desencadeamento do processo de desenvolvimento da síndrome.
Buscou-se ainda mapear os estudos sobre a Síndrome de burnout e docência,
identificando as áreas de conhecimento e periódicos que tratam do tema, assim como as
metodologias utilizadas e as regiões do Brasil que se apresentaram com maior freqüência nos
estudos. Outro ponto abordado foi existência de relação entre uma maior incidência do
desenvolvimento da síndrome e o fato de se lecionar em escolas da rede privada ou pública.
Concluiu-se que a Síndrome de burnout vem sendo estudada a mais de vinte anos no
cenário acadêmico, mas que os estudos que correlacionam esta com o acometimento dos
docentes no Brasil ainda se mostram insuficientes, levando-se em consideração o universo de
profissionais que atuam nesta área e o número de publicações encontradas.
A organização da rotina do trabalho docente tem influência direta e é um dos fatores
predominantes para o desenvolvimento da síndrome por estes profissionais. Existe também a
influência das características pessoais, onde a questão da escolha por esta profissão pode estar
atrelada à imagem, de quem a faz estaria pautada na vocação para tal. Vários outros fatores também aparecem relacionados ao desenvolvimento da
síndrome pelos docentes, tais como a falta de autonomia em relação a decisões institucionais e
até mesmo sobre sua rotina de trabalho, a deterioração do sistema de ensino no Brasil, onde
podemos citar a superlotação das salas de aula e a inadequação da estrutura física das escolas
ao seu público, as rápidas mudanças ocorridas em sua rotina de trabalho, gerando uma
sobrecarga emocional intensa e contribuindo de forma significativa em seu processo evolutivo.
O tema violência, apesar de estar inserido no universo e cotidiano escolar, não foi
abordado com relevância, pelos estudos encontrados, como fator predominante no
desenvolvimento da síndrome. Contudo temos que deixar registrado que uma compilação de
vários estudos, que através da coordenação de Wanderley Codo1
, se transformou no livro
“Educação: carinho e trabalho. Burnout a síndrome da desistência do educador, que pode
levar à falência da educação, e nos serviu de suporte, aborda a questão a nível nacional,
fornecendo-nos uma visão mais abrangente sobre esta questão.
As áreas de conhecimento que mais publicaram sobre o tema foram Saúde, seguida
de Psicologia e Educação, sendo que está última, mostra-se insuficiente em número de
publicações, já que se dirige ao público específico abordado nesta pesquisa.
As pesquisas de campo foram as que apresentaram relevância nos estudos
encontrados e que tratavam do tema específico desta pesquisa, assim como a predominância de
trabalhos realizados com coleta de dados em Instituições de caráter particular.
Observou-se que as regiões Centro-Oeste e Norte não apresentaram estudos para este
tema, e as regiões Sudeste e Nordeste não concentraram seus estudos nas capitais, não
oferecendo uma análise mais abrangente da problemática em nível de Brasil.
Por ora, acreditamos que seja necessária a realização de novos estudos que analisem
mais profundamente a relação entre a Síndrome de burnout e a docência, para que as lacunas
que ainda existem sobre esta problemática sejam preenchidas e com isso se possam gerar
subsídios para um melhor enfrentamento deste panorama. | |