dc.description.abstract | Este trabalho consiste em um estudo retrospectivo que abordou a história dos 35 anos de transplantes renais no Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Foi realizado um levantamento da história das origens do serviço de nefrologia e sua evolução ao longo dos anos. Os dados foram separados em diferentes eras, com base no tipo de imunossupressão, sendo avaliadas as características dos pacientes antes, durante e após o transplante. Encontramos diferenças significativas entre cada era, principalmente nas características dos receptores e doadores, mas também na ocorrência de complicações e nos aspectos cirúrgicos.Foram realizados 1231 transplantes até 30 de abril de 2013, sendo 55,8% do sexo masculino, raça branca (86,9%) e com 76,6% de doadores falecidos. A maioria dos receptores com idade entre 19 e 59 anos (77,5%), sendo 1,9% acima de 70 anos. Diferenças significativas entre as características de cada era, principalmente em relação aos receptores e doadores. Estamos transplantando um número progressivamente maior de pacientes, significativamente mais idosos (p<0,001), com maior tempo em lista de espera (p<0,001), com doadores mais idosos (p<0,001) e tempos mais longos de isquemia (p<0,001). Foram verificados menos episódios de rejeição (p<0,001), menor ocorrência de algumas complicações clínicas, tais como infarto de miocárdio (p<0,001), AVE (p=0,02) e diabete pós transplante (p<0,001), ao longo do tempo. Na era atual, sobrevida de pacientes foram em 1, 3 e 5 anos de 98,3%, 94,6% e 90,5% para doadores vivos e de 92,4%, 87,2% e 80,7% para doadores falecidos, respectivamente. Sobrevida de enxertos foram para doadores vivos de 92,2%, 88,7% e 82,4% e doadores falecidos de 80,4%, 71,1% e 63,7%.Foi encontrado que transplantados que apresentaram pielonefrite aguda nos primeiros 30 dias após o transplante, apresentavam significativamente pior sobrevida de enxertos e pacientes, comparado com os que não apresentavam pielonefrite nos primeiros 30 dias. Além disto, idade, uso de cateteres de duplo J, indução com timoglobulina e tempo maior de hospitalização aumentam o risco desta infecção. Pacientes que receberam rins com doadores com critérios expandidos e induzidos com timoglobulina podem apresentar risco maior para morte após 24 horas do diagnóstico de septicemia por Acinetobacter baumannii resistentes a carbapenêmicos, complicação grave que ocorreu em 10 pacientes transplantados, dentre os 807 transplantados entre janeiro de 2000 e abril de 2013.Ocorreu baixa incidência de citomegalovírus nos últimos anos, apesar do aumento do uso de timoglobulina. Verificamos que o uso de timoglobulina em doses menores diminui o risco de citomegalovírus e que o uso de ganciclovir oral tem efeito protetor para o desenvolvimento de citomegalovírus no primeiro ano do transplante. E por fim, verificamos que pacientes que apresentavam presença de citologia urinária positiva para poliomavírus apresentaram pior função renal e pior sobrevida de enxerto, em acompanhamento de 7 anos, comparado com grupo de pacientes que não tinha presença de células decoy na urina. A análise de 35 anos de transplante do Serviço de Nefrologia da PUCRS, mostra a evolução de um programa de referência no nosso meio e as diferentes condutas e resultados nas diversas épocas. Ocorreram mudanças nas características dos doadores e receptores, critérios de seleção, avaliação de compatibilidade e protocolos de imunossupressão, entre outros. | |
dc.description.abstract | This is a retrospective study reporting 35 years of kidney transplantation at Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. An historical approach of the origins and development of the Nephrology Unit over the years was performed. Data were separated into different eras, based on the type of immunosuppression, and the patient’s characteristics before, during and after transplantation were assessed. There were significant differences between each era, mainly on the characteristics of the recipients and donors, but also in the rates of complications and technical aspects of surgery.A total of 1231 transplants were performed until 2013, April 30. Of these, 55. 8% were male, white (86. 9%) and 76. 6% from deceased donors. Most recipients aged between 19 and 59 years (77. 5%), and 1. 9% over 70 years. Significant differences were observed between the characteristics of each era, especially in relation to recipients and donors. Through the eras, an increased number of patients are being transplanted, with grafts from older donors (p<0. 001) subjected to longer cold ischemia times (p<0. 001) transplanted in an increasing proportion of elderly recipients (p<0. 001), maintained in a longer period on the waiting list (p<0. 001). Fewer episodes of rejection were observed (p<0. 001), lower incidence of some clinical complications such as myocardial infarction (p<0. 001), strokes (p=0. 02) and post-‐transplant diabetes (p<0. 001), along of the time. In the present era, survival of patients at 1, 3 and 5 years were 98. 3%, 94. 6% and 90. 5% for living donors and 92. 4%, 87. 2% and 80. 7% for deceased donors, respectively. Survival of grafts were, for living donors, 92. 2%, 88. 7% and 82. 4% and deceased donors 80. 4%, 71. 1% and 63. 7%.Transplants with acute pyelonephritis in the first 30 days after transplantation, had significantly worse graft and patients survivals, compared to patients without pyelonephritis in the first 30 days. In addition, age, use of ureteral stents, thymoglobulin induction and longer hospital stays increased the risk of this infection. Recipients of expanded criteria donors transplants induced with thymoglobulin may be at a 25. 75 fold increase in risk for death 24 hours after diagnosis of CRAB septicemia, a severe complication occurring in 10 recipients between January 2000 and April 2013, of 807 transplants patients.In recent years, our study showed a low incidence of cytomegalovirus (CMV) infection, despite the increased use of Thymoglobulin. We found that the use of low thymoglobulin doses reduces the risk of cytomegalovirus and, the use of oral ganciclovir had a protective effect on CMV, in the first year of transplantation. Finally, patients with a positive polyomavirus urinary cytology had worse renal function and graft survival in a seven years follow-‐up period, compared with the patients without the presence of decoy cells in urine. The analysis of the 35 years of transplantation at the Renal Unit of Hospital São Lucas da PUCRS depicts the evolution and development of a program that is a reference in South Brazil, and the different management and results through the different eras. There were changes in donor and recipient’s characteristics, inclusion selection, compatibility assessment and immunosuppression protocols, among others. | |