Artículos de revistas
Existência e objeto da “sociologia da literatura”, hoje
Registro en:
10.1590/15174522-020004802
Autor
Leenhardt, Jacques
Resumen
Por razões metodológicas, a sociologia mantém uma relação um tanto distante da literatura. Como disciplina científica, a sociologia deve definir seus objetos com base em “propriedades inerentes” (Durkheim). Haveria algo como uma literariedade (Literarnost), como proposto por Roman Jakobson, em 1919? Obviamente, não. O mesmo se aplica à ficcionalidade. A sociologia prefere, assim, investigar seu objeto de forma indireta, abordando a “literatura” por meio do seu entorno: público, crítica, política editorial, leitura. O presente artigo analisa algumas razões históricas e epistemológicas para tal estratégia, que evita abordar o próprio cerne da literatura: o confronto entre diferentes mundos ficcionais no texto e na leitura. Com base na teoria da ficção, argumenta-se que, se a sociologia deve compreender as forças que transformam o status atual da sociedade, ela deveria prestar mais atenção aos processos simbólicos que ocorrem na experiência literária, atividade que permite a todos confrontarem-se com possíveis (ficcionais) situações e valores e que, portanto, simboliza um possível mundo social diferente.