Author
Fernandes, Rosani de Fatima
Abstract
O protagonismo nas elaborações acadêmicas, assim como no estabelecimento de diálogos menos assimétricos com Estado brasileiro vem cada vez mais sendo demandado pelas coletividades indígenas e constitui parte da agenda de luta para construção da autonomia e da autodeterminação reivindicada pelas lideranças, comunidades e organizações indígenas que compõe o movimento indígena nacional. No contexto das lutas e enfrentamentos históricos e cotidianos, a inserção de lideranças políticas indígenas no chamado “mundo dos brancos” é uma das possibilidades para a formação de mediadores que possam atuar no registro e elaboração das histórias indígenas, ao mesmo tempo em que estejam aptos a fazer a “a ponte” como tradutores do mundo não indígena a partir da apropriação de novos conhecimentos. A Antropologia tem contribuído historicamente com as conquistas dos movimentos indígenas no Brasil, entendidos como potenciais parceiros de luta, os antropólogos e comunidades constroem novas formas de relação, baseadas na negociação e resignificação das metodologias de pesquisa, onde os indígenas participam como sujeitos ativos tanto na execução, quanto no controle dos resultados. O artigo discute como as comunidades indígenas, a seu modo se colocam como protagonistas na elaboração de suas próprias histórias, situando, desta feita, “os brancos” e suas instituições nas cosmologias e sentidos que são próprios de cada povo indígena, produzindo novas relações políticas, históricas e cosmológicas com vistas a superação do estereótipo de “vítimas da história”.