Tesis
Detecção de Chlamydia trachomatis em amostras endocervicais de mulheres HIV soropositivas de Palhoça/SC
Autor
Pereira, Joice de Souza
Institución
Resumen
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Farmácia, Florianópolis, 2016. A infecção genital por Chlamydia trachomatis (CT) é reconhecida atualmente como uma das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) mais prevalentes no mundo, acometendo principalmente mulheres jovens. O caráter primariamente assintomático da infecção por CT constitui a base para formação de reservatórios que perpetuam a transmissão e a aquisição de demais IST, favorecendo a ascensão da infecção para o trato genital superior, resultando em agravos que modulam o risco de transição da infecção cervical para a malignidade. Admite-se que a coinfecção por CT em mulheres HIV soropositivas favorece a infectividade viral, prolongando e/ou aumentando o seu potencial de infecciosidade no trato genital, promovendo o aumento da excreção viral em decorrência do recrutamento de leucócitos infectados pelo HIV em resposta à infecção local e/ou por causa da crescente produção de citocinas inflamatórias que podem estimular a replicação do vírus. Diante desse cenário, o objetivo deste estudo transversal foi avaliar a prevalência de CT em mulheres HIV soropositivas atendidas pelo Sistema Único de Saúde do Município de Palhoça/SC. Durante o período de abril a julho de 2016, foram coletadas 111 amostras endocervicais durante consulta médica ginecológica no Centro Especializado em Aconselhamento e Prevenção (CEAP) de Palhoça/SC. As análises foram realizadas em parceria com o Laboratório de Biologia Molecular, Sorologia e Micobactérias (LBMM) da Universidade Federal de Santa Catarina. As amostras foram submetidas à extração de DNA utilizando um método in house baseado na extração por Acetato de Amônio, e posteriormente submetidas à técnica padronizada de PCR multiplex, utilizando os conjuntos de iniciadores PCO3/PCO4 para identificação do gene da ß-globina humana, e CTP1/CTP2 para a identificação do DNA bacteriano. A coinfecção CT/HIV foi detectada com taxa de prevalência de 1,8% (2/111) na população estudada. Observou-se associação da coinfecção CT/HIV com a variável idade (p=0,013). Não houve diferença significativa entre as demais variáveis e a positividade para CT. Das 104 (93,7%) participantes que relataram 2 ou mais parceiros ao longo da vida, 48,1% (50) relataram uso irregular de camisinha. No grupo das coinfectadas CT/HIV, 50,0% (1) também declarou uso descontínuo de preservativo. Esse fato eleva a chance de infecção por outras ISTs e/ou reinfecção, possibilitando inclusive gestações de alto risco. Foi observada a associação entre o conhecimento de ter HPV e o histórico de lesão no colo do útero (p=0,001). De maneira mais minuciosa, do total de 96 (86,5%) pacientes que responderam não ter HPV ou desconhecer ter, 10 (10,4%) declararam algum grau de lesão. O histórico de condiloma acuminado (HPV) também foi associado ao conhecimento de ter HPV (p=0,000). A metodologia de PCR multiplex exibiu bom desempenho no estudo para a identificação do material genético bacteriano. A técnica de PCR é financeiramente vantajosa e pode ser aplicada em processos de rastreamento que se baseiam na investigação de infecções assintomáticas em mulheres HIV soropositivas. Apesar da baixa prevalência na população analisada, mais estudos acerca da epidemiologia sinérgica da coinfecção CT/HIV em mulheres são necessários a fim de reduzir as conseqüências à saúde da mulher e os custos com tratamento, principalmente em mulheres com idade =30 anos. Por conseguinte, é necessário aprimorar a gestão de campanhas de prevenção e esclarecimento a respeito das ISTs, suas causas e desfechos, juntamente com a inclusão do rastreamento de CT em mulheres HIV soropositivas na prática clínica aos programas já existentes no Município.<br> Abstract : Chlamydia trachomatis (CT) genital infection is currently recognized as one of the most prevalent sexually transmitted infections (STIs) in the world, affecting mainly young women. The primary asymptomatic character of CT infection is the basis for the formation of reservoirs that perpetuate the transmission and acquisition of other STIs, favoring the rise of infection to the upper genital tract, resulting in diseases that modulate the risk of transition from cervical infection to malignity. It is believed that CT coinfection in HIV-seropositive women favors viral infectivity by prolonging and / or increasing its infectivity potential in the genital tract, promoting the increase of viral excretion due to the recruitment of HIV-infected leukocytes in response to infection and/or due to increased production of inflammatory cytokines that may stimulate virus replication. In view of this scenario, the objective of this cross-sectional study was to evaluate the prevalence of TC in HIV-seropositive women treated by the Unified Health System of the city of Palhoça/SC. During the period from April to July 2016, 111 endocervical samples were collected during a gynecological medical visit at the Specialized Center for Counseling and Prevention (CEAP) in Palhoça/SC. The analyzes were carried out in partnership with the Laboratory of Molecular Biology, Serology and Mycobacteria (LBMM) of the Federal University of Santa Catarina. The samples were submitted to DNA extraction using an in-house method based on Ammonium Acetate extraction, and then submitted to a standard multiplex PCR technique, using the PCO3/PCO4 primer sets to identify the human ß-globin gene, and CTP1/CTP2 for identification of bacterial DNA. CT/HIV coinfection was detected with a prevalence rate of 1,8% in the studied population. There was an association between CT/HIV coinfection and age (p=0.013). There was no significant difference between the other variables and the positivity for CT. Of the 104 (93,7%) participants who reported 2 or more lifetime partners, 48,1% (50) reported using irregular condoms. In the CT/HIV coinfected group, 50,0 (1/2) also reported discontinuous condom use. This fact raises the chance of infection by other STIs and/or reinfection, making possible even high-risk pregnancies. The association between the knowledge of having HPV and the history of cervical lesion (p=0.001) was observed. In a more detailed way, of the total of 96 (86,5%) patients who responded not to have HPV or to be unaware of it, 10 (10,4%) reported some degree of injury. The history of condyloma acuminata (HPV) was also associated with knowledge of having HPV (p = 0.000). The multiplex PCR methodology showed good performance in the study for the identification of bacterial genetic material. The PCR technique is financially advantageous and can be applied in screening processes that are based on the investigation of asymptomatic infections in HIV-seropositive women. Despite the low prevalence in the analyzed population, more studies on the synergistic epidemiology of CT/HIV coinfection in women are needed in order to reduce the consequences to women's health and treatment costs, especially in women aged =30 years. Therefore, it is necessary to improve the management of prevention and enlightenment campaigns regarding STIs, their causes and outcomes, together with the inclusion of CT screening in HIV-seropositive women in clinical practice to existing programs in the county.