Tesis
Dieta e parasitas do peixe-porco Stephanolepis hispidus (Linnaeus, 1766) em duas localidades da costa brasileira
Autor
Inagaki, Kelly Yumi
Institución
Resumen
TCC(graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências Biológicas. Biologia. As relações ecológicas são definidas como a interferência de um indivíduo na vida de outro, sendo influenciada pelo modo como cada um ocupa e utiliza os recursos do ambiente. Tais relações podem ser classificadas em positivas e negativas, sendo as positivas aquelas em que ao menos um indivíduo é beneficiado, enquanto nas relações negativas ao menos um dos indivíduos é prejudicado. Dentre as relações negativas, aquelas que envolvem consumidores e recursos assumem grande importância, pois podem afetar a estruturação do ecossistema. Diante disso, o estudo da ecologia alimentar tem se destacado e contribuído para o entendimento da estruturação de comunidades. No entanto, no Atlântico Sul algumas espécies são pouco estudadas, como é o caso do peixe-porco Stephanolepis hispidus, apesar de ter ampla distribuição e fácil observação. Ao buscar sanar parte desta lacuna de conhecimento, o objetivo deste trabalho foi analisar a dieta e parasitas nesta espécie em duas localidades da costa brasileira. Para tal, foram coletados 14 indivíduos em Arraial do Cabo/RJ (AC) e 15 indivíduos em Florianópolis/SC (FL). Entre as medidas biométricas, não houve relação entre comprimento do corpo e comprimento do intestino, enquanto houve uma baixa relação entre comprimento do corpo e volume do conteúdo estomacal, o que se mostra condizente com a dieta desta espécie. Encontramos 11 itens alimentares em ambas as localidades, dos quais os seguintes se destacaram devido a um alto Índice de Importância Alimentar(%), sendo eles: matéria orgânica digerida, crustáceos, conchas de calcário e algas em AC, e matéria orgânica digerida, esponjas, crustáceos e conchas de calcário em FL. As dietas das duas populações possuem uma alta sobreposição de itens alimentares, porém a frequência e volume em que cada item ocorreu variaram a nível individual, de modo que indivíduos da mesma população possuem uma dieta mais semelhante entre si do que indivíduos de populações diferentes. Em relação aos parasitas, foram analisados o conteúdo estomacal, as brânquias e o muco epitelial, nos quais cinco grupos foram encontrados: crustáceos, digenea, nemátoda, poliquetas e tripanorrinca. Ambas as localidades apresentaram 12 indivíduos infestados, mas os indivíduos de AC apresentaram maior diversidade de parasitas, possivelmente pela utilização de método de coleta diferenciado. Além de parasitas, também reportamos a ocorrência de anomalias celulares em 3 indivíduos de cada localidade, ocupando áreas como a nadadeira caudal, lateral do corpo, boca e brânquias. Estudos prévios indicam que tais anomalias podem estar relacionadas à exposição excessiva à radiação UV ou a compostos combustíveis presentes no ambiente recifal. Tais resultados evidenciam uma dieta onívora, variável e plástica de acordo com a disponibilidade de recursos do ambiente, além de uma susceptibilidade a doenças epiteliais em Stephanolepis hispidus.