Tesis
Riscos psicossociais e depressão: um estudo com costureiras adoecidas psiquicamente
Autor
Huck, Carolina Konzgen
Institución
Resumen
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Florianópolis, 2017. O trabalho pode ser fonte de prazer, mas também pode ser responsável pelo sofrimento, e até mesmo adoecimento dos trabalhadores, em decorrência dos riscos psicossociais presentes na organização do trabalho. O costurar, enquanto profissão, está inserido no atual contexto do mundo do trabalho e, portanto, exposto a riscos psicossociais específicos deste fazer. Esta dissertação de mestrado teve por objetivo geral compreender como são percebidos os riscos psicossociais associados ao trabalho de costureiras diagnosticadas com transtorno depressivo em um pequeno município situado na região do Vale do Itajaí/Santa Catarina. Como objetivos específicos, definiu-se: a) caracterizar o trabalho prescrito e o trabalho real de costureiras em fábricas; b) descrever os riscos psicossociais associados ao trabalho de costureiras diagnosticadas por depressão; c) caracterizar o adoecimento de costureiras por transtorno depressivo; d) identificar os deslocamentos realizados por estas costureiras diante das vivências de sofrimento relacionados ao trabalho; e) analisar as relações percebidas entre riscos psicossociais no trabalho e o adoecimento por depressão. Quanto ao método, a pesquisa configura-se de abordagem qualitativa, utilizando-se de análise documental (prontuários e laudos médicos) e entrevistas semiestruturadas. Participaram da pesquisa onze costureiras de produção em série, com vínculo formal de trabalho. Os riscos psicossociais percebidos pelas participantes foram: trabalho minucioso; cobrança de polivalência pela gestão das trabalhadoras; inflexibilidade frente às normas, regras; imposição da chefia gerando pouco espaço de negociação entre o trabalho prescrito e o trabalho real; alto controle e excessiva cobrança; ilegalidades praticadas pela gestão da organização do trabalho frente às leis trabalhistas; assédio moral; dores crônicas; e a escassez da solidariedade de classe. Os resultados mostraram, ainda, que há poucas possibilidades de deslocamento diante das vivências de sofrimento relacionados ao trabalho. As estratégias existentes são individuais e insuficientes para ressignificar os riscos psicossociais. As costureiras pesquisadas relacionam o seu adoecimento por depressão ao trabalho que elas desenvolvem com a costura como o fracasso das tentativas de subversão do sofrimento reiterado, e das poucas possibilidades de ressignificação ofertadas pela organização do trabalho. A depressão destas costureiras, representa assim, o triunfo do condicionamento do trabalhador a lógica do sistema produtivo (Vieira, Mendes, &, Merlo, 2013). Abstract : The labor can be a source of pleasure, but it can also be responsible for the suffering, and even sickness of the workers, due to the psychosocial risks present in the work organization. Sewing, as a profession, is embedded in the current context of the world of work and, therefore, exposed to the specific psychosocial risks of doing so. This master's dissertation aimed to understand how the psychosocial risks associated with the work of seamstresses diagnosed with depressive disorder in a small municipality located in Itajaí / Santa Catarina Valley region are perceived. Specific objectives were defined:a) to characterize the prescribed work and the actual work of seamstresses in factories; b) describe the psychosocial risks associated with the work of seamstresses diagnosed by depression; c) characterize the sickness of seamstresses due to depressive disorder; d) to identify the movements made by these seamstresses in the face of suffering experiences related to work; e) to analyze the perceived relations between psychosocial risks at work and illness due to depression. As for the method, the research is a qualitative approach, using documentary analysis (medical records and reports) and semi-structured interviews. Eleven seamstresses of mass production, with formal work bond participated in the research. The psychosocial risks perceived by the participants were: meticulous work; multi-purpose management for women workers; inflexibility towards rules, rules; imposition of leadership leading to little space for 'negotiation' between prescribed work and actual work; high control and excessive collection; illegalities practiced by the management team of work organization against labor laws; bullying; chronic pain; and the scarcity of class solidarity. The results also showed that there are few possibilities of displacement in the face of the suffering experiences related to work. Existing strategies are individual and insufficient to re-signify psychosocial risks. The seamstresses researched relate their illness from depression to the work they do with sewing. The sickness for these seamstresses ends up being the failure of the attempts of subversion of the repeated suffering, and of the few possibilities of re-signification offered by the organization of the work. The depression of these seamstresses thus represents the triumph of the worker's conditioning to the logic of the productive system (Vieira, Mendes, &, Merlo, 2013).