Tese (Doutorado)
Estética clown no cinema: fantasia, realidade e crítica
Autor
Silva, Cristiane Valéria da
Institución
Resumen
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, Florianópolis, 2017 A partir do entendimento de que a estética clown se configura por meio da relação dialética entre fantasia e realidade, tensionando forma e conteúdo e tendo como base a caracterização do próprio clown enquanto figura cômica que remete à resistência, esta pesquisa tem como objeto de análise a inserção dessa estética no cinema, que se apresenta como possibilidade de expressão e crítica aos aspectos da realidade que subsidiam a barbárie. Para orientar a configuração da estética clown no cinema, em torno da caracterização dessa figura cômica, orbitam os conceitos de fantasia, mimese, expressão e experiência, fundamentados nos escritos de autores da Teoria Crítica da Sociedade, em especial Theodor W. Adorno. O que está fundamentando a configuração da estética clown no primeiro momento desta tese orienta a seleção e análise dos filmes que compõem a investigação. O campo de análise está circunscrito ao neorrealismo cinematográfico italiano, com recorte específico aos filmes de Roberto Rossellini, Luchino Visconti e Vittorio De Sica como diretores expoentes desse movimento estético e político. Os filmes analisados foram: Roma, città aperta (Roma, cidade aberta, Rossellini, 1945), Paisà (Libertação, Rossellini, 1946), La terra trema: episodio del mare (A terra treme, Visconti, 1948), Belissima (Belíssima, Visconti, 1951), Ladri di biciclette (Ladrões de bicicleta, De Sica, 1948) e Umberto D. (Umberto D, De Sica, 1952). A configuração teórica da estética clown e a análise dos filmes indica que, quando aspectos da comicidade crítica estão presentes na narrativa cinematográfica tais como o exagero, o desvario, a subversão e a transgressão , é possível admitir que há brechas para a experiência estética e, nisso, para que um pensamento crítico se estabeleça como possibilidade de resistência à barbárie. Abstract: Based on the understanding that the clown aesthetic is configured through the dialectical relation between fantasy and reality, in the tension between shape and content, and based on the characterization of the clown itself as a comic figure that refers to the resistance, this research has as object of analysis the insertion of this aesthetic at the movies, that presents itself as a possibility of expression and criticism to the aspects of the reality that subsidize the barbarism. In order to guide the configuration of clown aesthetics at the movies, around the characterization of this comic figure, orbit the concepts of fantasy, mimesis, expression and experience, based on the writings of authors of the Critical Theory of Society, especially Theodor W. Adorno. What is giving base for the configuration of the clown aesthetic in the first moment of this thesis guides the selection and analysis of the films that compose the investigation. The field of analysis is limited to the Italian cinematographic neorealism, with specific cut to the films of Roberto Rossellini, Luchino Visconti and Vittorio De Sica as exponent directors of this aesthetic and political movement. The films analyzed were: Rome, città aperta (Open city, Rossellini, 1945), Paisà (Paisan, Rossellini, 1946), La terra trema: episodio del mare (The Earth Will Tremble, Visconti, 1948), Belissima (Bellissima, Visconti, 1951), Ladri di biciclette (Bicycle Thieves, De Sica, 1948) and Umberto D. (Umberto D, De Sica, 1952). The theoretical configuration of the clown aesthetic and the analysis of the films indicates that when aspects of critical comicality are present in the cinematographic narrative - such as exaggeration, folly, subversion and transgression - it is possible to admit that there are loopholes for aesthetic experience and, consequently, for a critical thinking to establish itself as a possibility of resistance to barbarism.