Tese (Doutorado)
"Quem não tem filho caça com cão": animais de estimação e as configurações sociais de cuidado e afeto
Autor
Gaedtke, Kênia Mara
Institución
Resumen
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política, Florianópolis, 2017. Diante de relações entre humanos e animais de estimação cada vez mais complexas e visibilizadas, essa tese busca compreender tais relações a partir de uma perspectiva sociológica, explicitando as interdependências existentes entre indivíduos ? humanos e animais -, família, mercado e Estado. A partir de um olhar acerca dos cuidados humanos nos processos de adoecimento, envelhecimento e morte de pets, as reflexões aqui apresentadas indicam que há hoje uma configuração social de afeto que coloca aos indivíduos humanos como amar seus animais, numa espécie de modelo a ser seguido sobre cuidados e consumos, profundamente influenciado pelos interesses de mercado pet (sobretudo das indústrias farmacêuticas e alimentícias) e pela vigilância biopolítica do Estado. Enquanto isso, aos indivíduos animais, agora inseridos num ? sempre controverso ? processo de antropomorfização, cabe uma existência cada vez mais vigiada, controlada e civilizada. Essas reflexões são provenientes de uma retomada da literatura da sociologia em específico e das ciências humanas em geral, bem como de pesquisa de campo em hospital veterinário e crematório de animais, entrevistas, grupo focal, análise imagética-discursiva de material publicitário e análise documental, caracterizando-se como um estudo predominantemente qualitativo. Abstract : Facing the fact that human-animal bonds have gotten more complex and noticiable, this thesis aims to understand these bonds from a sociological perspective by explaining the existent interdependencies between individuals ? humans and animals -, family, market and country. The thoughts presented here indicate that, from the perspective of human care in processes of sickening, aging and dying, there is a social-affective context which places to human individuals how to love animals as a role model to be followed when it comes to caring and consuming, which is deeply influenced by the interests of the pet market (and above all from the pharmaceutical and food industry) and also by the biovigilance of the country. Meanwhile animals are now set ? in a forever controversial ? process of anthropomorphization, trapped to an existence that is more and more watched, controlled and civilized. These thoughts descend from a specific sociological literary resume moreover from human sciences in general, as well as from field surveys in veterinary hospitals and pet crematoriums, interviews, a focus group, analysis of discursive imagery advertising material and documentary analysis, characterizing itself as a predominantly qualitative research.