Tesis
Habitando outras escritas em aulas de ciências
Autor
Amorim, Mariana Barbosa de
Institución
Resumen
TCC(graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências Biológicas. Biologia. O ambiente escolar e o das aulas de ciências tradicionalmente se fecham para a multiplicidade de sentidos que circulam no cotidiano dos estudantes, reforçando sentidos unívocos e dominantes sobre o que é ciências e como ela deve ser ensinada. Pensar a linguagem nas pesquisas no ensino de ciências e na prática docente se faz necessário para possibilitar uma educação crítica e reflexiva sobre o mundo e para promover espaços nos quais os aprendizes de ciências sintam-se autorizados a dizer. Nesta perspectiva, propus uma prática de ensino que considerou as histórias de leitura dos estudantes, na busca pela ampliação do conceito de ecossistemas modificados a partir de atividades de leitura e escrita que refletissem o ambiente onde eles vivem (suas “casas” em diferentes níveis). A intervenção se deu no contexto da disciplina de Estágio Supervisionado no Ensino de Ciências e a escolha e a forma de trabalhar o tema, o referente, foram inspiradas nas suas possíveis e múltiplas leituras na sociedade, as quais no ensino de ciências são constituídas tradicionalmente por discursos dominantes, particularmente científicos, e distanciam o social (humano) e o natural. Permeada pelo referencial teórico-metodológico da Análise de Discurso de linha francesa, busquei compreender o processo de construção de sentidos pelos estudantes sobre o referente a partir da análise de “outras” escritas produzidas por eles, averiguando as condições que favoreceram uma abertura de sentidos e uma aproximação com uma perspectiva de autoria. Assumo que houve modificação nas condições de produção de escrita e deslocamentos por parte dos estudantes, no sentido de se colocarem na origem de seus dizeres. Nas atividades de troca de correspondência houve deslizamentos do discurso científico-escolar, o qual se fez presente na atividade de leitura de imagens sobre meio ambiente. O discurso científico foi por vezes silenciado nas atividades, indicando que nestas os estudantes não se sentiram autorizados a falar sobre ciências, e o discurso escolar esteve bastante presente nas atividades em que o destinatário era eu, a professora. A educação em ciências é um processo longo e lento e esta pesquisa representa apenas um recorte. Neste sentido ela traz contribuições ao promover diálogos com outras pesquisas na área e trazer novas possibilidades para futuras práticas pedagógicas que façam uso destas “outras escritas” em aulas de ciências.