dc.description | O presente estudo tem como objetivo analisar o processo de sincretismo religioso entre as práticas em nome do monge João Maria e as práticas tradicionais dos Kaingang da Terra Indígena Xapecó/SC. A análise desse fenômeno consiste em relatar como os indígenas que habitam a mencionada Terra Indígena mantém a cosmologia Kaingang, mas ao mesmo tempo trazem consigo a religiosidade em João Maria. A pesquisa constata que a crença no monge do Contestado é mais difundida por meio dos especialistas de cura Kaingang, são eles, o Kujá e o benzedor. Estes utilizam João Maria como guia espiritual, como auxiliar nos seus processos de cura. Entretanto, o estudo enfatiza que João Maria também é interpretado dentro da Terra Indígena Xapecó de outras formas, como profeta, santo, benzedor, e até mesmo como alguém sem qualquer poder, como afirma alguns pastores evangélicos. Outro item mencionado são os lugares onde as práticas em nome de João Maria acontecem dentro da T.I. Xapecó, sendo verificado principalmente em três pontos: a) nas denominadas águas santas de João Maria; b) no interior das habitações Kaingang; c) na festa em homenagem a João Maria que é realizada no dia 15 de setembro. O estudo também mostra que os praticantes da religiosidade em João Maria no interior da T.I. Xapecó estão em decréscimo, sendo apontados a má preservação da mata e o intensivo aumento das Igrejas Evangélicas como responsável por tal ponto. As fontes utilizadas para a pesquisa são as obras que mencionam a temática indígena e a temática da Guerra do Contestado e seus desdobramentos, os relatos de viajantes e etnógrafos que passaram pela região da pesquisa nos séculos XVIII e XIX, e instrumentos realizados pelo LABHIN – Laboratório de História Indígena da UFSC, mas principalmente por meio da metodologia da história oral. | |