dc.description.abstract | A Província Magmática do Paraná-Etendeka, ou ainda Formação Serra Geral assim definida
na estratigrafia da Bacia do Paraná, constitui um dos maiores registros vulcânicos em área
continental do planeta. O grande volume de magma é evidenciado não só pelas rochas
expostas, que contemplam o sul e parte do sudeste brasileiro, mas também pela forte
heterogeneidade geoquímica e petrográfica das rochas básicas, intermediárias e ácidas,
que integram a placa Sul-Americana. Os trabalhos que abordam a caracterização
geoquímica dos diferentes tipos de magmas, obtidos por meio de coleta sistemática de
superfície são bastante abundantes, porem pouco são aqueles que abordam a
quimioestratigrafia dos basaltos por meio de poços de sondagem buscando as relações
estratigráficas aplicadas ao entendimento da evolução dos diferentes tipos de magmas,
fontes, intervalo de idades e variações petrográficas sem a influência direta de falhas
tectônicas que interferiam no aspecto fidedigno dos dados. Com isso, este trabalho em
andamento, com 15 sequencias vulcânicas completas obtidas por meio de poços de
sondagem nos estados de São Paulo e Paraná, com até 1156 metros de espessura, são
investigados para elementos maiores, traços, terras-raras, isótopos (Pb, Sr e Nd) e idades
(Ar-Ar) buscando a compreensão de processos de diferenciação magmática in situ e até
mesmo considerações sobre o grau de fusão, fontes mantélicas envolvidas, correlação com
a parte sul da província magmática e relação com a fase rifte da placa sul-americana. Os
resultados, ainda que preliminares, mostraram que a média da espessura de cada pulso
magmático é de 35 metros de rocha basáltica variando de 2 até 90 metros, sendo que a
pilha mais profunda alcança 970 metros na região noroeste do estado de São Paulo
podendo chegar até 1200 se for considerado a espessura dos sills intrudidos nos
sedimentos paleozoicos sotopostos. Já os dados geoquímicos mostraram que as regiões
investigadas são compostas exclusivamente por basaltos toleíticos do tipo alto-Ti, com
concentrações em TiO2 variando entre 1,77% e 3,66% e MgO de 2,88% até 4,95%, podendo
ser divididos em dois subtipos distintos, denominados de Pitanga e Paranapanema
conforme classificação de Peate et al. (1992). O primeiro está enriquecido em Nb (8%), K
(9%), La (11%), Ce (18%), P (8%), Nd (20%), Zr (19%), Sm (17%), Eu (15%) e Ti (15%) em
relação ao segundo. Também é possível verificar que os magmas se alternam na posição
estratigráfica sendo iniciado pelo tipo Pitanga (em contato direto com os arenitos eólicos da
Formação Botucatu) seguindo pelo magma Paranapanema onde o primeiro, em espessura,
e dominante em 60% em relação ao segundo. Por fim, mesmo que o trabalho ainda esteja
em fase inicial, é possível concluir que os basaltos investigados podem ter sido abastecidos
por mais de uma câmara magmática, que extravasaram suas lavas em épocas distintas,
iniciando com basaltos do tipo Pitanga, em contato com os arenitos da Formação Botucatu,
e encerrando a pilha edificada com aqueles do tipo Paranapanema. | |