masterThesis
Associação entre cefaleia e transtornos alimentares em adolescentes
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Autor
FREITAS, Dayzene Da Silva
Institución
Resumen
Introdução: Os transtornos alimentares e as cefaleias primárias, migrânea e cefaleia do tipo tensional, acometem frequentemente a população infantil e adolescente. Essas condições clínicas parecem compartilhar mecanismos fisiopatológicos semelhantes, relacionados à alteração no metabolismo de neurotransmissores. A associação entre cefaleia e transtorno alimentar foi observada em estudos conduzidos com populações específicas de mulheres adultas. No entanto, não existem pesquisas que evidenciem essa relação na adolescência. Objetivo: Investigar a associação entre as cefaleias primárias (migrânea e cefaleia do tipo tensional) e os sintomas de transtornos alimentares nos adolescentes. Métodos: Tratou-se de um estudo transversal e analítico realizado com 607 adolescentes, sendo 388 meninas (63,9%), com idade variando entre 11 e 18 anos, média de idade de 13,9 anos (IC 95%: 13,7; 14,0), estudantes de escolas públicas estaduais de Recife. Para o rastreamento dos transtornos alimentares foram utilizados dois questionários autoaplicáveis: o Teste de Atitudes Alimentares-26 (EAT-26) e o Teste de Investigação Bulímica de Edimburgo (BITE). A presença e a caracterização da cefaleia foram verificadas por meio de um questionário, baseado nos critérios diagnóstico da Sociedade Internacional de Cefaleia (ICHD-III, versão beta). Resultados: A migrânea esteve presente em 454/607 (74,8%) adolescentes, mostrando associação estatisticamente significativa com o gênero [309/388 (79,6%) meninas vs. 145/219 (66,2%) meninos, p<0,001; 2]. De acordo com o EAT-26, 157/607 (25,9%) adolescentes apresentaram sintomas indicativos de transtornos alimentares, sendo observada diferença estatisticamente significativa entre os gêneros [111/388 (28,6%) meninas e 46/219 (21,0%) meninos, p=0,04; 2]. De acordo com a escala BITE, 221/607 (36,4%) adolescentes apresentaram sintomas indicativos de bulimia nervosa, havendo diferença entre os gêneros [162/388 (41,8%) meninas vs. 59/219 (26,9%) meninos, p<0,001; X2]. Quanto à faixa etária, foi observada uma maior frequência das queixas de migrânea e dos sintomas de bulimia nervosa rastreados pela escala BITE nos adolescentes de 14 a 18 anos, enquanto que os sintomas de transtornos alimentares rastreados pelo Teste de Atitudes Alimentares foram mais evidentes entre os adolescentes de 11 a 13 anos. Houve associação estatisticamente significativa entre a migrânea e os sintomas de transtornos alimentares rastreados pelo EAT-26 [127/454 (28,0%) dos estudantes com migrânea apresentavam EAT positivo, em comparação a 30/153 (19,6%) dos estudantes sem migrânea, p=0,041; 2] e pelo BITE [178/454 (39,2%) estudantes migranosos apresentaram bulimia nervosa, em comparação a 43/153 (28,1%) estudantes sem migrânea, p=0,014; 2]. Na análise multivariada dos possíveis fatores explicativos da bulimia nervosa, meninas migranosas apresentaram 43,7% de chance para desenvolver bulimia nervosa [gênero feminino (ORajustada=1,85; IC 95%: 1,28; 2,66, p<0,001) e migrânea (ORajustada=1,51; IC 95%: 1,0; 2,26, p=0,048]. Conclusão: Migrânea está associada aos sintomas de transtornos alimentares em adolescentes do gênero feminino. CAPES Background: Eating disorders and primary headaches, migraine and tension-type headache, often affect the infant and adolescent population. Those clinical conditions seem to share similar pathophysiological mechanisms, related to changes in neurotransmitter metabolism. The association between headache and eating disorder was observed in studies conducted with specific populations of adult women. However, there are no studies that demonstrate this relation in adolescence. Aims: The aim of this study was to investigate the association between primary headaches (migraine and tension-type headache) and symptoms of eating disorders in adolescents. Methods: We carried out a cross-sectional and analytical study with 607 adolescents (388 girls, 63.9% sample), aged between 11 and 18 years, mean age of 13.9 years (95% CI: 13.7; 14.0), students from state public schools in Recife. For tracing of eating disorders were used two self-reported questionnaires: the Eating Attitudes Test-26 (EAT-26) and the Bulimic Investigatory Test of Edinburgh (BITE). The presence and characterization of headache were verified using a questionnaire based on the diagnostic criteria of the International Headache Society (ICHD-III). Results: Migraine was present on 454/607 (74.8%) adolescents, showing a statistically significant association with gender [309/388 (79.6%) girls vs. 145/219 (66.2%) boys, p<0.001; 2]. According to EAT-26, 157/607 (25.9%) adolescents had symptoms indicative of eating disorders, with significant difference between genders [111/388 (28.6%) girls and 46/219 (21.0%) boys, p=0.04; 2]. According to BITE, 221/607 (36.4%) adolescents had symptoms indicative of bulimia nervosa, with significant difference between genders [162/388 (41.8%) girls vs. 59/219 (26.9%) boys, p<0.001; 2]. In relation to age, a higher frequency of complaints of migraine and of symptoms of bulimia nervosa traced by the Bulimic Test scale in adolescents aged 14 to 18 years was observed, while the symptoms of eating disorders traced by the Eating Attitudes Test were more evident among adolescents aged 11 to 13 years. There was statistically association between migraine and symptoms of eating disorders traced by the EAT-26 [127/454 (28.0%) students with migraine had positive EAT, compared to 30/153 (19.6%) students without migraine, p=0.041] and by the Bulimic Test [178/454 (39.2%) students migraineurs had symptoms of bulimia nervosa, compared to 43/153 (28.1%) students without migraine, p=0.014]. In the multivariate analysis, migraine girls has 43.7% chance of developing bulimia nervosa [gender female (ORadjusted=1.85; 95% CI: 1.28 to 2.66, p<0.001) and migraine (ORadjusted=1.51; 95% CI: 1.0 to 2.26, p=0.048)]. Conclusion: Migraine is associated to symptoms of eating disorders in female adolescents.