doctoralThesis
Inibição da recaptação da serotonina durante o desenvolvimento: um estudo do balanço energético e da função mitocondrial
Registro en:
Autor
Silva, Aline Isabel da
Institución
Resumen
Os neurônios serotoninérgicos, presentes no cérebro desde o início do desenvolvimento,
estabelece diversos e complexos fenótipos celulares e interações neurais dentro da arquitetura
dinâmica do cérebro. É evidente que o sistema serotoninérgico e suas propriedades plásticas
sejam cruciais para a capacidade do cérebro de se integrar adequadamente com os órgãos
periféricos do corpo bem como, com o ambiente externo. Neste sentido, estudos
experimentais mostram que a super estimulação ou depressão dos sistemas de
neurotransmissores, durante períodos críticos do desenvolvimento, resulta em alterações de
componentes cerebrais e que o desenvolvimento do sistema serotoninérgico poderá ter
prejuízos permanentes. No entanto, ainda são escassos os estudos que associem essas
alterações do sistema serotoninergico com o desequilíbrio energético e o controle de peso
corporal. Neste trabalho avaliamos os efeitos crônicos da utilização de inibidor seletivo de
recaptação da serotonina sobre o controle do balanço energético e da bioenergética
mitocondrial em tecidos central e periféricos de ratos. Em nosso estudo observamos que o
tratamento com fluoxetina (grupo Fx) promoveu uma redução no ganho de peso, associado a
um menor percentual (25%) de massa gorda, mas nenhuma diferença na ingestão de alimentos
na lactação e pós desmame. Não observamos diferenças entre os grupos nas avaliações de
medidas basais da atividade locomotora livre e temperatura corporal. Porém, após estímulo
térmico (-15ºC) observamos que o grupo fluoxetina perdeu 30% menos calor quando
comparado ao grupo controle. Avaliando a bioenergética mitocondrial no hipotálamo,
músculo extensor longo dos dedos e tecido adiposo marrom observamos um aumento do
consumo de oxigênio, redução da produção das espécies reativas de oxigênio e nenhuma
indução de estresse oxidativo em todos os tecidos estudados. Adicionado à esses resultados,
no tecido adiposo marrom do grupo fluoxetina observamos um retorno da respiração
mitocondrial aos níveis similares ao grupo controle após adição de GDP (inibidor de proteínas
desacopladoras-UCP), como também um aumento de 23% na expressão da proteina UCP-1.
De forma geral, nossos resultados sugerem que a exposição precoce à fluoxetina reduz o
ganho de peso associado a uma modulação positiva da função mitocondrial, o que
possivelmente reduziria o risco para o aparecimento e desenvolvimento de doenças na vida
adulta.