dc.description | A prevalência do excesso de peso tem aumentado mundialmente tanto em adultos
quanto em crianças e adolescentes. Assim também tem acontecido com os sintomas de
refluxo gastroesofágico. A associação entre excesso de peso e sintomas de refluxo pode ser
explicada por alguns mecanismos fisiopatológicos, tais como: fatores mecânicos e humorais
associados à obesidade abdominal, hábito alimentar e alterações psicológicas. Os objetivos
deste estudo foram determinar a frequência de sintomas de refluxo gastroesofágico em
crianças e adolescentes com excesso de peso e analisar a associação com outros sintomas
gastrointestinais, aumento da circunferência abdominal e consumo de alimentos ricos em
gordura ou cafeína. Realizamos estudo transversal descritivo, com componente analítico, com
pacientes entre cinco e 18 anos acompanhados nos ambulatórios do Hospital das Clínicas da
Universidade Federal de Pernambuco. Os pacientes foram divididos em um grupo de casos
(excesso de peso) e outro de comparação (eutróficos). Foram excluídos os pacientes com
doenças crônicas gastrointestinais, cardíacas, pulmonares ou neurológicas, além de
endocrinopatias com necessidade de tratamento medicamentoso e aqueles com magreza. Após
classificação nutricional, mediu-se a circunferência abdominal e, em seguida, aplicaram-se
questionários de sintomas gastrointestinais e de frequência alimentar. As informações foram
armazenadas em banco de dados do pacote Epi-Info 6.04. As variáveis quantitativas foram
expressas por medianas e quartis e comparadas através do teste não paramétrico de Mann
Whitney ou por média ± DP (desvio padrão) e Teste t de Student para comparação. As
variáveis qualitativas foram expressas em proporções. Para a análise da diferença das
frequências dos sintomas entre os grupos de caso e de comparação foi realizado o teste do
qui-quadrado ou Teste Exato de Fisher, quando houve indicação. Como medida de
associação, utilizou-se a Razão de Prevalência. Considerou-se p ≤ 0,05 como estatisticamente
significante. A avaliação do consumo alimentar foi realizada com base na metodologia de
Fornés e colaboradores (2002). Para cada alimento consumido pelo participante foi atribuído
um escore de frequência de consumo. Para fins de análise, o consumo de cada grupo foi
convertido em tercis, baseado na distribuição da própria amostra. Foram 195 pacientes (130 -
caso; 65 – comparativo). Os sintomas de refluxo foram mais frequentes (p=0,008) nos
pacientes com excesso de peso (25,4%) do que nos eutróficos (9,2%). Os fatores associados
aos de refluxo, naqueles com excesso de peso, foram: constipação (RP= 1,9), saciedade
precoce (RP=2,7) e idade maior que 10 anos (RP=2). Porém, não houve diferença em relação
à circunferência abdominal e à frequência do consumo de gordura ou cafeína. Conclui-se que
pacientes com excesso de peso apresentam maior frequência de sintomas de refluxo, os quais
estão associados com idade maior que 10 anos, constipação e saciedade precoce, mas não com
aumento da circunferência abdominal e frequência do consumo de gordura ou cafeína. | |