dc.description | A discussão acerca da Educação Popular ganhou relevância no cenário político, econômico e, sobretudo, social, nos primeiros anos da década de 1960. Agregando-se ao contexto de transformação, incentivado por mobilizações sociais, movimentos de educação e cultura popular florescem. Por um lado, apresentaram resultados expressivos na alfabetização de adultos, através da inclusão de aspectos da cultura popular ao processo pedagógico. De outro, mudanças na esfera política e social, demonstrando nas urnas a força do voto dos populares alfabetizados. Em Pernambuco, as chamas dos trabalhos educativos populares encontram na luta dos trabalhadores rurais, ascensão de políticos com ideais progressistas e em suas tradicionais raízes culturais espaço para desenvolverem-se. O Movimento de Cultura Popular - MCP, criado pela Prefeitura do Recife, as atividades precursoras do método Paulo Freire e as escolas radiofônicas, do Movimento de Educação de Base - MEB, instituído pela Igreja Católica, são expressos como as iniciativas responsáveis pela vivaz intervenção ao problema do analfabetismo. No entanto, a conjuntura de ações reivindicatórias por melhorias sociais e transformações na esfera social cede espaço à animosidade de sujeitos, filiados a instituições e grupos heterogêneos. É a partir destas distinções que cada movimento traça um projeto educativo popular, vinculando-o às respectivas intencionalidades político-ideológicas. Desse modo, na zona rural, acolhedora da pluralidade populacional brasileira no período, enxerga-se um local propício para propagação dos interesses de católicos e comunistas. A Igreja, por intermédio do MEB, instala escolas radiofônicas, bem como sindicato de trabalhadores campesinos. Já as ações do MCP expandem-se sob viés pedagógico, encontrando também outras formas de atuação. Assim, o objetivo desta dissertação é compreender como se desenvolveu a interiorização da educação popular, em Pernambuco, por intermédio do MCP e MEB, focalizando as distintas intencionalidades de cada ação, bem como os conflitos travados, revendo, dessa maneira, a existência de mobilização social em prol da educação popular. | |