doctoralThesis
Doenças transmitidas por carrapatos em cães nas mesorregiões do sertão e agreste do Estado da Paraíba
Registro en:
Autor
ROTONDANO, Tereza Emmanuelle de Farias
Institución
Resumen
Doenças transmitidas por carrapatos são
uma importante causa de morbidade e mortalidade em cães (Canis lupus familiaris) de todo o
mundo, com o Rhipicephalus sanguineus (o carrapato marrom do cão), apontado como vetor de
vários patógenos. Pesquisar locais com condições potenciais para o desenvolvimento destas
doenças, como presença de carrapatos vetores e seus hospedeiros, e a pesquisa dos agentes
responsáveis que circulam numa população são importantes para o controle dos agravos. Nosso
trabalho objetivou investigar a ocorrência das principais doenças transmitidas por carrapatos em
cães nas mesorregiões do sertão (clima semiárido) e agreste (clima úmido) do estado da Paraíba.
Amostras de sangue foram coletadas juntamente com a aplicação de um questionário
epidemiológico visando à obtenção de informações sobre os cães e seus proprietários. As amostras
sanguíneas foram analisadas por exame direto, provas hematológicas, sorológicas e moleculares e
os resultados foram avaliados por programa estatístico. Inicialmente buscou-se determinar a melhor
fração sanguínea para extração de DNA visando o diagnóstico de erliquiose e anaplasmose caninas
por nPCR. O sangue total demonstrou ser a melhor fonte de DNA em comparação às frações de
papa leucocitária, granulócitos, mononucleares e coágulo sanguíneo, provavelmente por albergar
bactérias intracelularmente como também livres no plasma, oriundas de lise celular. Além disso, foi
possível identificar, pela primeira vez no estado da Paraíba, a infecção canina por Anaplasma
platys. Ehrlichia canis, também reconhecida pela primeira vez na região, apresenta-se como
principal agente transmitido por carrapatos aos cães, no estado da Paraíba. Verificou-se como
fatores de risco para erliquiose o ato de não vacinar os cães, o animal ser fêmea, o regime de criação
semi-domiciliar e solto, e os proprietários serem analfabetos ou terem cursado apenas o primeiro
grau. Anemia, leucopenia e trombocitopenia também apresentaram associação significativa com a
ocorrência da erliquiose. Detectou-se pela primeira vez na área estudada Babesia canis vogeli e uma
correlação significativa foi observada entre a diminuição de plaquetas e a babesiose. Hepatozoon
spp. não foi observado no estudo. Anticorpos para Rickettsia rickettsii, R. parkeri, R. rhipicephalii,
R. amblyommii e R. felis foram detectados em cães dos municípios estudados, sendo essa a primeira
evidência (sorológica) de Rickettsia spp. no estado da Paraíba. O encontro de infecções por B. canis
vogeli, A. platys e Rickettsia spp. indica que esses agentes devem ser incluídos no diagnóstico
diferencial na rotina médica veterinária. CNPq