doctoralThesis
Evidências de Conectividade Entre Habitats Costeiros Tropicais Através do Estudo de Peixes Em Fases Iniciais do Ciclo de Vida.
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Autor
FALCÃO, Elisabeth Cabral Silva
Institución
Resumen
Na costa brasileira, apesar da crescente preocupação em se estabelecer um
manejo integrado dos ambientes costeiros, muitas das características ecológicas,
como a conectividade entre estes ecossistemas através da movimentação dos
peixes, ainda são pouco estudadas. No complexo estuarino do Rio Formoso, litoral
sul de Pernambuco – Brasil existe uma variedade de habitats costeiros próximos a
sua desembocadura que apresentam relativa proximidade um do outro. Entre eles
destacam-se os manguezais, os prados de fanerógamas e os recifes de arenito.
Recentemente, foram realizados alguns estudos a respeito da ictiofauna da região,
contudo pouco se sabe sobre os padrões de abundância, diversidade e mudanças
ontogenéticas de habitats dos peixes que utilizam estes ecossistemas em suas
fases iniciais do ciclo de vida, especialmente durante a fase larval. O presente
estudo objetivou analisar variações temporais e espaciais de densidade de larvas
de peixes coletadas em diferentes habitats no estuário inferior do rio Formoso,
buscando evidenciar padrões que indiquem o movimento das larvas ao longo de
sua fase larval. Durante o período de abril de 2009 a março de 2011, foram
coletadas 432 amostras mensais de ovos e larvas de peixes nos períodos diurno e
noturno. Foram realizados arrastos horizontais com rede de plâncton (55 m)
durante um intervalo de 10 minutos, em canal de mangue, praia estuarina com
manchas de prados e paralelamente à linha de recifes situados na foz do estuário.
As variáveis analisadas foram densidade de larvas, de ovos e de estágios larvais,
comprimento da larva, diversidade (Shannon-Wiener), equitabilidade (Pielou),
salinidade e temperatura. Durante dois ciclos sazonais e em diferentes habitats, o
presente estudo determinou padrões sazonais e espaciais da comunidade íctia em fase larval e determinou tendências na preferência por habitat na fase de préassentamento.
Isto permitiu gerar dados que indiquem a existência de
conectividade entre os habitats. Verificou-se que a comunidade é dominada, em
densidade, por espécies residentes do estuário, principalmente Achirus spp.,
Engraulidae e Atherinela brasiliensis. Sazonalmente não ocorreram alterações na
composição das espécies, contudo, a densidade larval em geral foi mais elevada
durante a estação de estiagem, indicando ser um período de maior atividade
reprodutiva na área. Não foi observada influencia das variáveis ambientais
temperatura, salinidade e pluviosidade na estruturação da comunidade, no
entanto, a análise de correlação sugeriu que as respostas às variações destes
parâmetros foi espécie específica. Os diferentes estágios larvais de algumas
espécies apresentaram segregação de habitat, a exemplo de Lile piquitinga,
Achirus spp. e Bairdiella ronchus, indicando uma movimentação de larvas e
conseqüente conectividade biológica entre habitats. Este estudo evidenciou a
conectividade ecológica entre recifes, prados e manguezal através da
movimentação de larvas de peixes entre habitats na zona estuarina do rio
Formoso. Os resultados obtidos demonstram a importância da manutenção da
integridade dos ecossistemas para conservação e manejo dos recursos
pesqueiros em ecossistemas marinhos tropicais. CNPq