dc.description | Este trabalho aborda a produção em tiras do quadrinista Laerte Coutinho a partir de
2004, quando o autor passou a buscar a subversão de convenções do espaço,
normalmente apenas humorístico. Primeiro, aborda-se a linguagem desse campo,
situando o atual estágio de estudos acadêmicos sobre o tema a partir dos textos de
Groensteen, McCloud, Eisner e Cyrne. Para a análise, utiliza-se o pensamento de
Michael Baxandall, que propõe que se olhe para objetos visuais a partir da intenção dos
autores que os fizeram, notando como uma obra responde às contingências sociais,
pessoais e materiais a partir de uma referência à materialidade do objeto, em uma
análise histórica e estética. Depois, observa-se 31 dias de produção da tira Piratas do
Tietê. O trabalho analisa o conceito de “troc” – mercado coletivo de trocas materiais e
simbólicas entre um autor e seu público - na obra de Laerte, vendo como ele busca uma
nova relação com os leitores. Ainda é observado o abandono da fórmula humorística da
piada nos quadrinhos de Laerte; o seu uso particular do conceito de “obra aberta”, de
Umberto Eco; a relação de suas tiras com koans; as referências a um repertório cultural
erudito e pop; e, por fim, a forma como ele leva as problemáticas da sua obra também
para sua vida e seu corpo ao assumir sua transgeneridade, fazendo uma defesa da arte
como uma forma de vida. | |