dc.description | As verrugas genitais são lesões epiteliais induzidas pelo Papillomavirus Humano
(HPV) cujas técnicas atualmente utilizadas para seu tratamento são dolorosas e com
recidivas que costumam acontecer em curto espaço de tempo. Uma alternativa para
o tratamento poderia ser a aplicação local do cidofovir. O cidofovir é um fármaco
antiviral pertencente à classe dos análogos nucleosídicos, com amplo espectro
contra DNA vírus que foi autorizado em 1996 pela FDA para o tratamento de retinite
por citomegalovírus. No entanto, inúmeros estudos “off-label” relatam a eficácia
deste fármaco aplicado por via tópica e intralesional para o tratamento de lesões
causadas pelo HPV utilizando preparações manipuladas em farmácias hospitalares.
Tendo em vista que não existe padronização de concentração de cidofovir e ou tipo
de veículo utilizado, o objetivo deste trabalho foi realizar a caracterização físicoquímica
do fármaco e, a partir de formas farmacêuticas semi-sólidas padronizadas,
realizar estudos de liberação e permeação cutânea utilizando a pele de cobra da
espécie jiboia (Boa constrictor). Para a caracterização físico-química do insumo
farmacêutico ativo foram realizadas técnicas de ressonância magnética nuclear,
espectroscopia de Infravermelho, microscopia eletrônica de varredura, difração de
raios-x, análise térmica, teor do fármaco e umidade. As formulações desenvolvidas
(E = emulsão, G = gel de carbopol, GP = gel carbopol com propilenoglicol 5%, GE =
gel de carbopol com etanol 5%) foram avaliadas através da determinação do pH,
viscosidade e espalhabilidade. Testes de centrifugação e aferição do tamanho de
gotículas foram também realizados para a preparação emulsionada. Duas técnicas
de quantificação do fármaco foram desenvolvidas e validadas conforme a RE
899/2003 da Anvisa, sendo uma por espectrofotometria de ultravioleta, e a outra
técnica por cromatografia líquida de alta eficiência. Nos estudos de liberação in vitro,
foi observado que a viscosidade foi o fator determinante na difusão do fármaco,
sendo evidenciado um perfil de liberação superior para a emulsão. Além disso,
verificou-se que todas as preparações seguiram o modelo cinético de Higuchi,
indicando que os sistemas são controlados por difusão. Já no ensaio de permeação
cutânea in vitro, verificou-se que a quantidade de fármaco permeada foi maior
também para a emulsão, apresentando esta um perfil consoante com sua cinética de
liberação. Considerando as formulações gelificadas, foi verificado que as
concentrações dos promotores de permeação avaliados, a saber, propilenoglicol e
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etanol, não influenciaram de forma significativa a permeação do cidofovir através do
modelo de biomembrana empregado. | |