masterThesis
Do lilás ao roxo: violências nos vínculos afetivo-sexuais entre mulheres
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Autor
Costa, Juliana Mazza Batista
Institución
Resumen
Este estudo buscou compreender, a partir dos discursos de mulheres que estabelecem ou estabeleceram vínculos afetivo-sexuais com outras mulheres, quais os sentidos acerca das violências nestes vínculos. Dessa forma, com base no debate feminista sobre a violência, se faz necessário deslocar a noção da violência que é naturalizada como sendo sempre de um homem (agressor) para uma mulher (vítima). O debate seguiu no sentido de afirmar que é necessário desnaturalizar a ideia de que mulheres não podem ser violentas, assim como pensar que as relações humanas se complexificam quando vínculos afetivo-sexuais estabelecem-se. Uma vez que as relações humanas sendo constituídas por relações de poder, a violência se faz presente como uma possibilidade. No presente estudo, entende-se gênero a partir do pensamento de Judith Butler, autora que nos ajuda a pensar que masculinidades e feminilidades se constituem nos corpos independe da biologia destes. Com
base na metodologia feminista e na abordagem da produção de sentido, a pesquisa foi balizada pelo debate sobre objetividade em ciência, posicionamento na pesquisa e nas relações entre pesquisadora e entrevistadas. Problematizando a partir destas duas perspectivas, buscou-se analisar os sentidos trazidos pelas mulheres para a violência em vínculos afetivo-sexuais, quais as diferentes expressões de violência que se apresentam nas entrevistas, e quais elementos se relacionam na construção desses sentidos. Para estes estudos foram feitas oito entrevistas, utilizando o recurso metodológico de bola de neve -
em que uma entrevistada indica a próxima - sendo quatro entrevistadas participantes ou exparticipantes de movimentos sociais, grupos de mulheres lésbicas ou bissexuais, e quatro sem nenhum vínculo ou participação nesses movimentos e grupos. Assim, uma das entrevistas foi tomada como base, e a partir dela foi feito um diálogo entre a teoria e as outras entrevistadas. Quatro pontos foram tomados como base na análise das entrevistas: o que era violência para essas mulheres, quais as situações eram descritas como de violência,
as causas da violência e o que foi feito por elas diante dessas situações. Outros pontos como o ciúme, pensando a forma com que esse sentimento é tomado nas entrevistas e a relação deste com o amor e a violência; a visibilidade, pensando a vida cotidiana e os jogos de tornar visível ou não suas práticas; os movimentos sociais, com destaque para o movimento de mulheres lésbicas e bissexuais, e como se dá a discussão com relação à violência em vínculos afetivo-sexuais entre mulheres. Assim, este estudo busca aprofundar os conhecimentos
acerca das situações de violência, a partir das concepções de mulheres que se relacionam ou que se relacionaram com mulheres afetivo-sexualmente. Permite que as mulheres, que se
auto definam lésbicas ou não, possam falar de suas relações, das dinâmicas vividas, suas concepções de violência e de possíveis situações de violência que tenham acontecido nestes vínculos. E apresenta-se como um caminho de problematizar e apontar possíveis caminhos de resistência e combate a violência que acontece nos vínculos afetivo-sexuais entre mulheres. Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco