masterThesis
Episiotomia seletiva: frequência e fatores associados
Registro en:
Ferreira de Melo Júnior, Elias; de Carvalho Lima, Marilia. Episiotomia seletiva: frequência e fatores associados. 2005. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2005.
Autor
Ferreira de Melo Júnior, Elias
Institución
Resumen
Introdução: A episiotomia é o procedimento obstétrico mais realizado no mundo
todo. Historicamente, seu uso foi iniciado sem comprovação científica de sua
efetividade, baseado apenas na opinião de especialistas. Foi sugerido que o
procedimento preveniria a ocorrência de lacerações de III e IV graus e o relaxamento
perineal, diminuindo a possibilidade de disfunção sexual e a incontinência urinária e
fecal decorrente. Além de tudo, haveria a substituição de uma laceração irregular por
um corte cirúrgico de mais fácil reparação e cicatrização. A episiotomia também
preveniria o sofrimento fetal, ao diminuir a duração do período expulsivo, evitando a
ocorrência de asfixia neonatal, trauma craniano, hemorragia cerebral e retardo
mental, além de proteger os fetos prematuros da excessiva pressão causada por um
períneo excessivamente distendido. Seu uso também se impôs nos partos
operatórios e nos distócicos. Com a medicalização do parto, ocorrida sobretudo no
início do século XX, o procedimento tornou-se rotineiro, alcançando uma prevalência
de mais de 90% em alguns países.
Objetivos: Revisar os conhecimentos atuais sobre episiotomia disponíveis na
literatura e verificar sua prevalência no Hospital das Clínicas da UFPE, quando da
implantação da norma de episiotomia seletiva, bem como os fatores associados a
esse procedimento.
Métodos: Foi realizada revisão da literatura médica através dos bancos de dados do
MEDLINE, SCIELO e LILACS com as palavras-chave episiotomia e fatores
determinantes, no período de 2000 a 2005. Foram selecionados estudos com
metodologia científica adequada e também revisões sistemáticas. Realizou-se também estudo transversal em uma amostra de 323 mulheres submetidas a parto
normal, com feto vivo, durante os meses de junho a agosto de 2000.
Resultados: A literatura consultada demonstra a necessidade de realização da
episiotomia apenas sob indicações obstétricas precisas, rejeitando seu uso rotineiro
e indiscriminado. A prevalência encontrada de episiotomia no Hospital das Clínicas
da Universidade Federal de Pernambuco foi de 37,8% no período estudado.
Verificou-se um percentual significativamente mais elevado de episiotomia entre as
adolescentes, as primigestas e durante o plantão diurno. Não se verificou
associação significativa entre a realização de episiotomia e os fatores relacionados
ao recém-nascido e ao profissional responsável pela assistência.
Conclusão: A despeito das recomendações da literatura, observamos uma
freqüência da episiotomia acima da recomendação internacional. O presente estudo
evidencia a necessidade de incrementar a prática profissional no sentido de diminuir
a realização da episiotomia