doctoralThesis
Enfim, a liberdade : as mulheres e a vivência pós-cárcere
Registro en:
Cristina Pimentel Costa, Elaine; de Carvalho Lins Hamlin, Cynthia. Enfim, a liberdade : as mulheres e a vivência pós-cárcere. 2011. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2011.
Autor
Cristina Pimentel Costa, Elaine
Institución
Resumen
O objetivo deste trabalho foi compreender como os processos de mortificação do self,
vivenciados na prisão pelas mulheres que cumpriram pena privativa de liberdade, têm reflexos
na vida pós-cárcere, sobretudo diante da ausência de políticas públicas penitenciárias voltadas
para a questão feminina. A base teórica da pesquisa são os estudos de Goffman sobre
mortificação do self e estigmatização, em diálogo com teorias de gênero que apontam para as
particularidades das identidades femininas e para a luta por reconhecimento. A hipótese do
estudo consiste na afirmação de que há peculiaridades nas experiências vivenciadas pelas
mulheres libertas do cárcere que estão diretamente ligadas aos elementos identitários
femininos relacionados aos papéis desempenhados pelas mulheres nas relações afetivas e no
mercado do trabalho, ambos frontalmente afetados pelo encarceramento. A partir de uma
descrição quantitativa efetuada num universo de 164 mulheres condenadas no Estado de
Alagoas, aprofundada por meio de análise qualitativa de 13 histórias de vida de mulheres
libertas do cárcere, observou-se que o self das mulheres estudadas é permeado por elementos
de gênero e classe, baseando-se fortemente na importância atribuída aos laços familiares e ao
trabalho de natureza doméstica, no qual a confiança assume um valor central. O
encarceramento promove a quebra desses elementos identitários femininos, impondo novos
arranjos afetivos e profissionais, sobretudo diante das perdas sofridas e das novas relações
estabelecidas no espaço penitenciário e fora dele. Isso tem como consequências uma série de
dificuldades nos processos de reintegração social, o que aponta para a importância do
estabelecimento de políticas públicas penitenciárias que levem em consideração as
peculiaridades do encarceramento feminino