doctoralThesis
Desempenho do processamento temporal em crianças portadoras de desvio fonológico
Registro en:
Ferreira Muniz, Lilian; Roazzi, Antonio. Desempenho do processamento temporal em crianças portadoras de desvio fonológico. 2007. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Psicologia Cognitiva, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2007.
Autor
Ferreira Muniz, Lilian
Institución
Resumen
A audição é uma das funções sensoriais que facilitam o contato entre o indivíduo e o meio
ambiente desempenhando papel fundamental integração social. Os processos e mecanismos
do sistema auditivo relacionam-se com a percepção dos sinais verbais e não verbais da
linguagem influenciando as funções elevadas do aprendizado. Considerando a importância de
caracterizar as habilidades de processamento auditivo para sons não-verbais, foi realizada
uma revisão de literatura sobre: o processamento auditivo, a sua avaliação, as suas alterações
e a relação entre o processamento auditivo temporal e as alterações fonológicas. Tal revisão
fundamentou os experimentos realizados e a análise dos dados obtidos. Este estudo foi
descritivo, observacional e de corte transversal e teve como objetivos: verificar o desempenho
da habilidade de processamento temporal em crianças portadoras de desvio fonológico;
caracterizar os resultados da avaliação do processamento temporal em indivíduos normais,
usando os testes de detecção de Gaps aleatórios (click e tom) em relação à freqüência e ao
tempo; verificar a prevalência de alterações do processamento auditivo temporal em crianças
portadoras de desvio fonológico segundo sexo, idade, atendimento fonoaudiológico; comparar
o desempenho do processamento auditivo temporal de crianças com e sem desvio fonológico;
verificar a ocorrência de dificuldades escolares nos portadores de alterações do processamento
temporal; comparar o desempenho dos participantes frente a estímulo verbal (teste de fala sem
e com ruído) e não verbal (RGDT). A área de estudo foi uma clínica escola de Fonoaudiologia
de uma universidade da cidade do Recife. Os participantes foram 36 voluntários, com idades
que variaram de 6 a 9 anos, de ambos os sexos, os quais foram divididos em dois grupos:
portadores de desvio fonológico (grupo 1) e sem desvio fonológico (grupo 2). Após a
aceitação da instituição e a aprovação no comitê de ética, os dados foram coletados por meio
de uma anamnese, audiometria tonal e vocal (com e sem ruído) e em seguida foram aplicados
os testes de processamento temporal (RGDT). Para a análise dos dados foi usado o SPSS 13 e
técnicas de estatísticas descritivas. Os resultados mostram limiares de detecção de Gaps
maiores no grupo 1; a diferença entre grupos foi significativa do ponto de vista estatístico para
cada uma das freqüências testadas; não houve influência das variáveis sexo, idade e série
escolar; o tratamento fonoaudiológico não foi um fator determinante; as queixas de
aprendizagem mais referidas foram dificuldade de leitura e dificuldade de compreensão; o
desempenho para os testes não verbais foram melhores que para os testes verbais no grupo 1,
não apresentando diferença para o grupo 2. Crianças com desvio fonológico fazem parte de
uma população heterogênea e torna-se simplista tentar investigá-las por meio de um único
instrumento. O sentido da audição pode não ser o único a estar comprometido, no entanto, é
recomendado não negligenciar a possibilidade deste tipo de comprometimento. A
investigação do processamento auditivo temporal pode contribuir com informações valiosas
tanto para o diagnóstico quanto para o auxílio aos processos de aquisição uma vez que se
apresenta como pré-requisito para aquisição das estruturas formais da língua