doctoralThesis
Diálogo e autoria: do desenvolvimento ao uso de sistemas de informação
Registro en:
Mendes de Andrade e Peres, Flávia; Rogério de Lemos Meira, Luciano. Diálogo e autoria: do desenvolvimento ao uso de sistemas de informação. 2007. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Psicologia Cognitiva, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2007.
Autor
Mendes de Andrade e Peres, Flávia
Institución
Resumen
Neste trabalho, propomos uma nova metáfora para estudos sobre IHC (Interação Humano-
Computador) acerca dos processos de desenvolvimento de software: o dialogismo.
Resgatamos do círculo de Bakhtin a noção de autoria como acontecimento discursivo. Seu
funcionamento complexo é fundado em práticas sócio-culturais e históricas, além de ser
parcialmente reconstruído nas ações responsivas de sujeitos que produzem sentidos. Há,
assim, uma mútua dependência entre autoria e gêneros do discurso. Alguns gêneros
discursivos emergem e se transformam nas situações particulares de comunicação e
circunstâncias típicas aos contextos informatizados. A proposta geral desta tese foi investigar
a enorme rede social que conecta desenvolvedores e usuários em pólos extremos de um
continuum, embora intimamente relacionados e complementares. A partir de métodos e
recursos da Análise Interacional e da videografia, registramos e analisamos dois momentos do
processo de desenvolvimento de software: as atividades de programadores, cientistas da
computação, designers e outros profissionais na fabricação de softwares e as atividades de uso
de softwares fabricados no primeiro momento. Trata-se de uma investigação de cunho
essencialmente qualitativo e interpretativo, para a qual desempenharam papel importante as
concepções de cognição situada e distribuída, de linguagem como interação, de gênero como
tipo histórico relativamente estável e de enunciado como atividade social que é, neste caso,
gerida por desenvolvedores e usuários. Defendemos algumas implicações básicas advindas do
dialogismo para as fábricas de software . Por exemplo, apontamos para a necessidade de
engajamento mútuo entre as práticas de desenvolvedores e usuários finais. Especificamos um
caminho para este engajamento focalizado concretamente na noção de alteridade. Finalmente,
evidenciamos características particulares da configuração dialógica inerente ao processo, o
que nos permitiu pensar como computadores podem tornar-se mais efetivamente
responsivos às ações humanas