dc.description | Dois escritores no Brasil são basilares para se compreender a relação etnia e
literatura. Ambos cravaram um marco na cultura brasileira, em relação à
reivindicação de reconhecimento das chamadas minorias sociais, no que toca à
visibilidade e ao direito de ser. Era o primeiro passo para que, aproximadamente
meio século mais tarde, outras frentes reivindicatórias se lançassem em busca do
não esvaziamento e não reificação da cultura e do sujeito negros. Cruz e Sousa e
Lima Barreto, um por via da metáfora transfiguradora, outro pela crítica acérrima,
fustigaram a sociedade estampando-lhe, em rosto, aquilo que ela insistia em pôr sob
o tapete: a existência do negro vilipendiado pelo preconceito sócio-racial, carente,
por direito, de status humano. Este trabalho busca analisar comparativamente a obra
de Cruz e Sousa e Lima Barreto, no que concerne à maneira de posicionar-se diante
do racismo enfrentado, por ambos, na sociedade, a partir de traços presentes na
própria obra; ao mesmo tempo em que tenta explicitar a diferença como um e outro
enfrentaram o problema. Ele procura também apontar, no texto, elementos
característicos que marcaram os dois escritores pelo preconceito sofrido e como isso
passou para a obra. Por esse viés, tenta mostrar que o texto literário não é somente
um objeto artístico, mas, por ser um produto humano, é atravessado pelas
experiências do autor. Por fim, este trabalho ainda busca demonstrar porque os dois
autores são atuais e, portanto precisariam ser revisitados com o cuidado em captar o
aporte de suas análises críticas. Isto, tendo em vista a atualidade e pujança do tema
abordado, bem como a qualidade artística de ambas as obras | |