dc.description | Este trabalho focaliza a obra poética de Florbela Espanca, verificando como nela o sujeito
se move sob a experiência da dúvida e da dívida melancólica. Na poesia de Florbela a
melancolia pavimenta a dúvida do sujeito na encruzilhada do tudo e do nada, do sonho e da
queda abissal. Confere ao autêntico o sentido do incerto e do inarticulado. No entanto, não
é um abandono da certeza total, e sim o modo supremo de sua superação, na medida em
que lança o sujeito no face a face do vivido e do indagado. Tendo como principais pontos
de apoio autores como: Freud, Urania T. Peres, Marie-Claude Lambotte, Julia Kristeva,
Kierkegaard, Nietzsche, Foucault, e Philippe Lejeune, este estudo verificou que a dúvida
desempenha um papel decisivo na poética de Florbela Espanca, definindo a atitude básica
do eu-lírico em face de suas próprias angústias e das muitas faces que o mundo comporta.
No primado do incerto e da mutabilidade do ser, a poeta trouxe para dentro de sua poesia
alguns procedimentos específicos do barroco histórico no que ele tem de nossa atualidade:
vertigem, simulacro, decadência do ser no labirinto mundo da existência | |