dc.identifier | Cleide De Lemos Costa, Arrisete; Maria Godoy Silveira, Rosa. Uma biografia micro-histórica: interpretação hermenêutica da narrativa na obra O QUEIJO E OS VERMES o cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela Inquisição, 1976, de Carlo Ginzburg. 2007. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2007. | |
dc.description | As biografias históricas apresentam-se, no âmbito da historiografia
contemporânea, como uma tópica plena de virtualidades para as problematizações e reflexões
do conhecimento histórico, em sua dimensão epistemológica. A consensualidade da
comunidade dos historiadores, no que diz respeito às suas qualidades cognitivas, justifica a
pertinência de sua escolha como tema de estudo, sobretudo, no que se refere às mudanças
paradigmáticas ocorridas, especificadamente, no campo da história cultural a partir de 1968,
demarcação inaugural de uma periodização/configuração mundial conhecida como pósmodernidade.
Tendo por parâmetro que a biografia é o gênero privilegiado para a
experimentação heurística das narrativas produzidas pela corrente historiográfica considerada
como uma das mais importantes inovações no mundo historiográfico contemporâneo: a
Micro-História, demonstra-se que ela é um lócus apropriado onde recursos literários se
transmitem à historiografia. Por conseguinte, na escrita da narrativa micro-biográfica da
obra/fonte deste estudo: O QUEIJO E OS VERMES - o cotidiano e as idéias de um moleiro
perseguido pela Inquisição, 1976, de Carlo Ginzburg, os procedimentos da investigação
micro-analíticos e procedimentos intrinsecamente narrativos entrelaçam-se, criando uma
fórmula estilística denotativa de uma identidade narrativa híbrida: histórica e literária. Se,
por um ângulo, contribui para ampliar o leque de verificabilidade das múltiplas experiências
temporais da condição humana, objetivadas pela historiografia contemporânea, por outro,
remete para o resgate de uma tradição historiográfica enraizada no prazer de contar. Para a
interpretação da obra/fonte foi utilizado o método hermenêutico, um instrumental cognitivo
que tornou visíveis os procedimentos narrativos codificadores costumeiramente utilizados
pela historiografia: composição, disposição e elocução, oriundos da Poética e da Retórica,
assim como se explicitou um saber/fazer/dizer que, na grande maioria das vezes, encontra-se
implícito ou só é perceptível a um restrito número de historiadores. Portanto, ao socializar
mais amplamente uma das maneiras de produção do conhecimento histórico: o microanalítico,
e demonstrar a possibilidade do exercício crítico frente aos conteúdos ideológicos
que perpassam toda e qualquer linguagem historiográfica, a meta desta pesquisa terá sido
alcançada | |