dc.description | O objeto maior da investigação são os conceitos de liberdade subjacentes aos
discursos pedagógicos no Brasil durante a década de oitenta. Defendemos o conceito de
liberdade como categoria para uma nova síntese do pensamento pedagógico brasileiro,
apontando identidades e distinções entre os vários discursos pedagógicos. Apresentamos
também o contexto filosófico das principais idéias relacionadas a esses discursos. A
investigação se justifica pelo fato de ampliar o debate pedagógico para além da discussão
acerca de transposição didática e tecnologias de ensino. As reflexões de alguns educadores
foram destacas com o intuito de representar o panorama da época. Nesse sentido, analisamos
a presença do conceito de liberdade no discurso comportamentalista demonstrando sua
relação com a criatividade; a presença do conceito de liberdade no discurso estruturalista e a
aplicação da teoria da reprodução na análise da educação; tratamos do conceito de liberdade
para a perspectiva gramsciana, composta pelos representantes da crítica social dos conteúdos,
pelos ligados às metodologias alternativas de pesquisa e por demais gramscianos, que em
comum trabalham a noção de hegemonia e a idéia do educador voltado para uma pedagogia
da revolução; abordaremos a perspectiva da escola de Frankfurt que traz a noção de qualidade
de vida humana coletiva e da educação enquanto ciência emancipatória; a perspectiva
fenomenológica da educação no Brasil para a qual a liberdade está relacionada com a
transcendência; por fim, tratamos do conceito de liberdade nos discursos freireanos,
observando noções como conscientização e libertação. Após estas análises, relacionamos os
conceitos de liberdade trabalhados com as propostas educacionais manifestos pelas correntes
pedagógicas na década de oitenta, abordando as determinações de tais conceitos sobre o que
manifestam como concepção, finalidade e conteúdos da educação. Assim, propomos o
panorama das teorias pedagógicas brasileiras tendo como fio analítico o conceito de liberdade.
Destarte, identificamos: o comportamentalismo enquanto uma pedagogia reformuladora que
concebe seu processo pedagógico como desenvolvimento de habilidades, visando formar o
individuo útil à sociedade e valorizando a aquisição de competências; os estruturalistas
enquanto uma pedagogia libertária caracterizada por uma concepção autogestionária de
educação e focada na abolição dos mecanismos de reprodução da dominação, onde os
conteúdos e tarefas sejam legitimados pelo interesse coletivo; os gramscianos como a
pedagogia contra-hegemônica para os quais a educação é um instrumento de revolução e deve
contribuir para o acirramento das contradições, valorizando os conteúdos crítico-dialéticos; os
frankfurtianos e a pedagogia emancipatória que concebem o processo pedagógico enquanto
construção da qualidade de vida, superando a alienação-reificação; os fenomenólógos e a
pedagogia da transcendência que pensam a educação como processo e projeto existencial e
coletivo, que tem como finalidade a construção do existir autêntico num mundo aberto,
valorizando a diversidade; e, os freireanos enquanto a pedagogia da libertação que concebem
a educação enquanto processo de conscientização e libertação visando a humanização e
valorizando como conteúdos e tarefas aqueles legitimados pela participação. O trabalho, além
de outras considerações, aponta que o uso da categoria liberdade contribui para precisar o
lugar teórico de correntes de mesmo matiz ideológico e para distinguir as concepções,
finalidades e conteúdos propostos por correntes pedagógicas subsidiadas por matrizes
filosóficas correlatas | |