masterThesis
Conflitos socioambientais e participação social no Complexo Industrial Portuário de Suape, Pernambuco
Registro en:
Augusta Silveira, Karla; Regia Fernandes Gehlen, Victoria. Conflitos socioambientais e participação social no Complexo Industrial Portuário de Suape, Pernambuco. 2010. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2010.
Autor
SILVEIRA, Karla Augusta
Institución
Resumen
A discussão sobre conflitos socioambientais vem sendo uma questão chave para a
compreensão das diversas contradições existentes no atual modelo de desenvolvimento
global ancorado predominantemente no modo de produção capitalista. É nessa perspectiva
de estudo e reflexão que este trabalho trilha seus esforços na compreensão da temática dos
conflitos socioambientais aproximando a questão ambiental das ciências sociais. O trabalho
desenvolveu-se com base no conceito de Acselrad (1995) sobre conflito socioambiental.
Entende-se o conflito socioambiental como sendo um conflito social em torno do modo de
apropriação e uso dos elementos da natureza envolvendo relações de poder onde os
sujeitos envolvidos constroem uma dimensão ambiental para suas lutas. O Complexo
Industrial Portuário de Suape (CIPS) em Pernambuco, como referencial empírico, é um
exemplo relevante desta temática que surge na história do país entre as mais claras
evidências da abordagem que considera o meio ambiente como simples externalidade do
cálculo econômico. A partir desse tema foi possível demonstrar a influência dos valores
econômicos sobre os conflitos socioambientais em torno do uso e apropriação dos recursos
naturais. Essa dinâmica tem afetado, diretamente, comunidades localizadas no CIPS, a
maioria formada de populações tradicionais de pescadores e agricultores que vivem em
constante ameaça de perda da terra e da identidade cultural. Diante dessa conjuntura, este
estudo teve como objetivo analisar os conflitos socioambientais no espaço do CIPS,
identificando os atores envolvidos e as formas de participação social nesses conflitos. Parte
do pressuposto de que o uso e apropriação privada da terra e dos recursos naturais
interferem nas condições de trabalho e na qualidade de vida de comunidades nativas que
desenvolvem relações metabólicas com a natureza, provocando restrições de direitos e o
aparecimento de conflitos socioambientais. O estudo caracterizou o CIPS nos aspectos
geográfico, histórico e sócio-econômico; mapeou os conflitos socioambientais existentes
com identificação dos atores envolvidos; e identificou as formas de participação social nos
conflitos socioambientais existentes. A metodologia da pesquisa, dentro de um enfoque
dialético, se estruturou na Triangulação de Métodos (MINAYO, 1994) estabelecendo
abordagens qualitativas com enfoque interdisciplinar na análise e discussão dos resultados.
O estudo, de um modo geral, evidenciou que a produção social do espaço possui profundos
rebatimentos nos conflitos socioambientais. Demonstrou também, que a compreensão da
geograficidade dos conflitos socioambientais é importante no estudo desses conflitos, por
ser o espaço geográfico um elemento significativo nas relações conflituosas de apropriação
da natureza que caracterizam o conflito socioambiental. Os conflitos socioambientais
identificados demonstraram a existência de políticas socioambientais que atendem à classe
capitalista e aos ambientalistas conservacionistas , sem atender aos grupos sociais que
mantinham relações metabólicas com a natureza, mas que por conta do desenvolvimento
industrial-portuário, foram expropriados e tiveram seu modo de vida degradado de forma
irreversível. O estudo também apresenta os processos de participação social nos conflitos
socioambientais manifestos, demonstrando que os expropriados e excluídos das políticas
socioambientais vigentes, criaram seus espaços diferenciais mediante organização de
movimentos sociais, manifestando seus desacordos, suas dificuldades, suas revoltas e suas
reivindicações. Destaca-se colocando, também, como os atores envolvidos apresentam-se
como portadores de projetos políticos alternativos de interação com o meio ambiente, onde
a produção social do espaço não venha a servir como meios instrumentais de preservação
do poder político Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior